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Sete vezes ouro, André Brasil é impedido de competir como paraolímpico

Demétrio Vecchioli

24/04/2019 18h10

André Brasil com medalha de bronze olímpica (Marcelo Regua/MPIX/CPB)

Sete vezes medalhista de ouro dos Jogos Paraolímpicos e mais rápido de todos os tempos na natação paraolímpica, o brasileiro André Brasil, referência mundial da natação paraolímpica, foi tornado inelegível para o paradesporto nesta quarta-feira (24) por uma comissão do Comitê Paraolímíco Internacional (IPC).

Isso significa que André não pode mais competir no esporte paraolímpico, depois de ganhar 14 medalhas nos Jogos, 32 em Mundiais e 21 em ParaPans. Aos 34 anos, ele é recordista mundial de quatro provas: 50m, 100m e 200m livre e 50m costas. Não só na sua antiga classe, a S10, mas entre todos os atletas com deficiência física.

"Indignação, revolta, tristeza… uma história apagada em um dia..somos tratados como números de pontos na classificação e não como seres humanos. Isso é o que chamamos de esporte paralímpico?", postou o nadador, no Twitter.

Em nota, o Comitê Paraolímpico Brasileiro disse que compartilha com André o "sentimento de frustração". "Não acreditamos que os 14 anos de conquistas de Andre Brasil no movimento paralímpico foram uma mentira. Entendemos que o nosso campeão foi submetido a uma grande injustiça e o apoiaremos dentro dos limites legais a fim de restabelecer a igualdade e a justiça, que consideramos os principais pilares do esporte", diz a entidade.

Em setembro do ano passado, o Olhar Olímpico mostrou que o IPC, sob o comando do presidente brasileiro Andrew Parsons, havia apresentado novos e polêmicos novos critérios de classificação funcional para a natação. Entre os prejudicados, naquele momento, estava outro grande nome do esporte brasileiro, Daniel Dias. Dono de cinco recordes mundiais na classe S5, ele perdeu quatro desses recordes em questão de semanas, depois que dois nadadores italianos e um ucraniano passaram por reclassificação e foram "rebaixados" de classe.

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Com André Brasil aconteceu o contrário. Ele foi avaliado por uma banca do IPC nesta tarde, em São Paulo, um dia antes da abertura da etapa brasileira da World Series, principal circuito mundial de atletismo e natação paraolímpica.

Aos dois meses de idade, Andre Brasil foi diagnosticado com poliomielite depois de reação à vacina. A doença deixou como sequela uma deficiência na perna esquerda. Nesta quarta, a banca entendeu que o grau dessa deficiência lhe dá vantagem competitiva contra outros atletas da classe S10.

Como essa é a que inclui os nadadores com menor grau de deficiência física, o rebaixamento significa que André Brasil deixa de estar apto a participar do esporte paraolímpico.

André surgiu como um fenômeno em Pequim-2008. Aos 24 anos, ganhou quatro medalhas de ouro e uma prata. Agora, aos 34, tem um total de 14 medalhas paraolímpicas, sendo sete de ouro, cinco de prata e duas de bronze.

Ele compete com regularidade em competições da natação convencional, mas sua deficiência o impede de ter nível competitivo. Seu recorde mundial nos 100m livre (50s87), por exemplo, o faria ser o 20º colocado entre 24 inscritos nos 100m livre no Troféu Maria Lenk, campeonato nacional brasileiro, que terminou no domingo.  Nos 50m, com 23s16, seu recorde, teria sido 18º – ele disputou a competição em observação e foi o mais lento entre todos os 51 nadadores que caíram na piscina.

 

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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