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Rio-2016 apresenta a novos governos balanço com dívida de R$ 420 milhões

Demétrio Vecchioli

07/02/2019 04h00

O diretor-executivo do Comitê Rio-2016, Ricardo Trade, percorreu no mês passado os gabinetes dos novos secretários de esporte do governo federal, general Marco Aurélio Vieira, e estadual do Rio, Felipe Burnier. Na pauta, o mesmo assunto: apresentação de um estudo detalhado da dívida do comitê, um plano de legado e um plano de dissolução. Os números são expressivamente maiores do que os que mostravam o balanço de dezembro de 2016, na casa de R$ 120 milhões. Hoje, a dívida é de cerca de R$ 420 milhões.

Ao assumir o cargo no ano passado, Baka, como Trade é conhecido no meio esportivo, identificou que os stakeholders (partes interessadas) do Comitê Rio-2016 precisavam de "números reais" sobre a mesa para, só assim, discutir o que fazer com a dívida. No contrato que deu origem ao comitê, a prefeitura e o estado do Rio são apontados como os responsáveis financeiros por honrar eventuais dívidas deixadas quando o mesmo se dissolver. Mas nenhum dos dois aceita pagar a conta.

No segundo semestre do ano passado, a dívida foi apurada e auditada, atendendo a pedidos desses stakeholders. O comitê deve R$ 420 milhões, principalmente para fornecedores como a GL Events, uma das principais credoras. No total, são 258 processos cíveis, incluindo pedidos de ressarcimento por ingressos negociados na plataforma online do comitê, e 325 ações trabalhistas.

A lista de credores inclui também o Comitê Olímpico do Brasil (COB), que tinha direito a receber uma parcela do arrecadado com patrocínio na Olimpíada e tem a receber cerca de R$ 15 milhões. Além disso, o comitê organizador ainda tem a responsabilidade de reparar instalações que utilizou durante os Jogos, o que também entra como dívida.

De acordo com Baka, atualmente o comitê tem sete funcionários. Para não precisar fechar as portas no fim do ano passado, quando deveria acabar suas as poucas reservas financeiras, o comitê economizou em alguns itens e buscou recebíveis, ganhando fôlego.

O processo é complexo porque, quando acabar todo o dinheiro, o Comitê Rio-2016 não terá como pagar funcionários ou advogados. E aí, sem operar, ficará de fato impossível para o comitê discutir soluções para ser dissolvido sem deixar dívidas.

Entre os interessados estão as confederações olímpicas, que formam a assembleia, o Comitê Olímpico Internacional (COI), o Comitê Paraolímpico Internacional (IPC), os três níveis de governo e os credores. Em meio a esse processo, o comitê não pode priorizar pagar essa ou aquela dívida, ainda que reconheça diversas delas. Isso impede que o comitê reembolse torcedores revenderam ingressos por uma plataforma do Rio-2016.

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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