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Maior revelação do judô é suspensa por doping e pode perder Olimpíada

Demétrio Vecchioli

29/01/2019 17h53

O judô brasileiro tem seu primeiro caso importante de doping em oito anos. Quinta colocada no Mundial do ano passado e atual oitava colocada no ranking mundial, a jovem Jéssica Pereira foi flagrada em exame antidoping realizado em setembro, fora de competição, e está suspensa voluntariamente. Ele é considerada a maior promessa do Brasil para Tóquio-2020 no judô feminino e tem grandes chances de ficar fora da Olimpíada – recentemente, o Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (ABCD) suspendeu por dois anos um judoca em caso semelhante.

Jéssica era a número 2 da categoria até 52kg até o ano passado, quando fez um bom Mundial, derrotada só na disputa pelo bronze por Érika Miranda. A veterana, porém, depois surpreendeu a anunciou sua aposentadoria, deixando o caminho aberto para o crescimento de Jéssica, atleta do Instituto Reação, de Flávio Canto.

No dia 11 de setembro, testada fora de competição, ela teve resultado analítico adverso para furosemida, um diurético, que no judô pode indicar uso para perda de peso. Em casos assim, a suspensão não é automática, cabendo a decisão à Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD). Jéssica, porém, optou por se colocar em suspensão voluntária, o que significa que caso ela venha a ser julgada e suspensa, a punição começaria a contar desde a data em que ela voluntariamente se afastou das competições.

Atualmente, três judocas, todos de menor relevância, cumprem suspensão por doping aplicadas pelo novo tribunal antidoping de Brasília. Allan Ferreira Gonçalves, também flagrado com furosemida, levou dois anos de gancho. A mesma punição foi aplicada a Juliano Aparecido dos Santos, do futebol, e Tatiane Garcia da Silva, do remo, o que indica um padrão que pode tirar Jéssica dos tatames até o fim de 2020.

Em uma equipe que é praticamente a mesma de Pequim-2008, com Sarah Menezes (única que corre risco), Rafaela Silva, Maria Portela, Mayra Aguiar e Maria Suelen Altheman, a jovem de 24 anos é a principal esperança de renovação. No ano passado, Jéssica foi campeã pan-americana, ganhou uma medalha em Grand Slam e faturou um ouro em Grand Prix.

A suspensão vem em má hora porque já está em vigor o período de classificação olímpica e Jéssica precisa somar pontos para garantir um lugar em Tóquio-2020. Há 25 vagas em jogo e atualmente ela é só a 22ª colocada dessa lista. Pela demora que a ABCD vem tendo para julgar casos de doping, dificilmente Jéssica estará apta a competir o Campeonato Pan-Americano, em abril, em Lima (Peru). A competição é o caminho mais fácil para somar pontos na corrida olímpica.

Presidente do Reação, Flávio Canto lamentou o caso. "Eu não conversei ainda com a Jéssica. Não estou no Rio. Ela sabe e todo mundo sabe que sou veemente contra qualquer tipo de doping, seja ela qual for, mesmo diurético. Preciso conversar com ela e não quero que seja por telefone, quero que seja pessoalmente", disse o ex-judoca, ao Olhar Olímpico. Já a CBJ disse que está ciente do caso e acompanhando os processos legais referentes à suspensão de Jéssica.

 

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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