Bolsonaro escolhe general para comandar secretaria de Esporte
Demétrio Vecchioli
30/11/2018 13h08
Nota atualizada às 21h15
Jair Bolsonaro já escolheu o homem forte do Esporte em seu governo. Nesta sexta-feira (30), ele bateu o martelo: o secretário será o general Marco Aurélio Costa Vieira, que chegou a comandar a área de operações dos Jogos Olímpicos do Rio, contratado pelo comitê organizador. O nome do general, que era subordinado diretamente a Carlos Arthur Nuzman na Rio-2016, ainda não foi oficialmente confirmado.
A secretaria será subordinada ao Ministério da Cidadania, que engloba ainda o Desenvolvimento Social e a Cultura. Após a publicação da reportagem, o deputado federal Osmar Terra, já anunciado como ministro da Cidadania, negou a informação, que o blog confirmou com diversas fontes ligadas ao esporte, à equipe de transição e a pessoas próximas ao general – veja mais no fim do texto.
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A escolha pelo general Marco Aurélio surpreende porque havia um movimento forte e quase unânime para que Lars Grael assumisse o posto, 16 anos depois de ser o último secretário nacional de Esporte – depois disso, foi criado um Ministério. O velejador tinha o apoio do Comitê Olímpico do Brasil, de parlamentares, dos clubes sociais, do movimento paraolímpico e também de setores do Exército. Na quinta, Lars havia anunciado sua saída do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), onde era diretor.
Doutor em Ciências Militares com ênfase em Logística e Gestão, ele foi adido militar em Madri e ocupou a posição de diretor de Educação Superior do Exército entre 2009 e 2012, quando foi contratado pelo Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016. Inicialmente, trabalhou como diretor-executivo de Operações. Depois, foi rebaixado e, na Olimpíada em si, foi responsável apenas pelo revezamento da tocha.
Em começo do mês, a revista Época colocou o coronel Vieira como "possível primeira pedra no sapato" de Bolsonaro. De acordo com a revista, ele é "peça central", ao lado do general Antônio Hamilton Mourão, vice-presidente da República eleito, em um esquema fraudulento relatado em um dossiê de 1.452 páginas que sugere irregularidades na contratação pelo Exército de um Simulador de Apoio de Fogo.
Em sua página no Linkedin, rede social de networking, Vieira relata que tem "experiência em planejamento estratégico, inteligência estratégica, implantação e gestão integrada de empreendimentos, políticas públicas, segurança estratégica, segurança de infraestruturas críticas, gerenciamento de contratos e gestão de pessoal". No Linkedin, ele ainda destaca ter como especialidades: paraquedista militar, mestre de salto, mergulho autônomo,
operações na selva e educação física.
O setor esportivo, incluindo setores do esporte militar, dava com certo que Bolsonaro escolheria um civil, depois de rebaixar o Esporte de ministério para secretaria. Até porque os dois generais próximos ao presidente que têm mais intimidade com o esporte – Augusto Heleno e Fernando Azevedo – já foram apontados como ministros de outras áreas.
Após a publicação da reportagem pelo Olhar Olímpico, o futuro ministro da Cidadania, Osmar Terra, foi ao Twitter para negar a escolha. Ele postou: 'Sobre nota publicada hoje no blog Olhar Olímpico acerca da possível nomeação do Secretário de Esportes do Ministério da Cidadania, tenho a esclarecer que não há nome indicado, ainda. A decisão sobre o assunto será feita nos próximos dias pelo ministro em comum acordo com o presidente."
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.
Sobre o blog
Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.