Com orçamento 960 vezes menor, Esporte deve ser 'anão' em novo ministério
Demétrio Vecchioli
28/11/2018 17h43
Chega ao fim no dia 31 de dezembro uma história de quase 16 anos do Ministério do Esporte. Nesta quarta-feira, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) anunciou que Osmar Terra será o seu futuro ministro da Cidadania. A pasta vai reunir o que hoje são três ministérios: Desenvolvimento Social, Esporte e Cultura.
Pelo desenho inicial da Esplanada dos Ministérios apresentado pela equipe de transição, o Esporte seria fundido com os ministérios da Cultura e da Educação, ficando sob o guarda-chuva deste último, que tem orçamento muito maior e acolheria Cultura e Esporte.
No modelo adotado, o Esporte continuará sendo um anão dentro do seu próprio ministério. Pelo Projeto de Lei Orçamentária enviado pelo presidente Michel Temer (MDB) ao Congresso, o Desenvolvimento Social teria um orçamento de R$ 423 bilhões. Novecentas e sessenta vezes mais que o do Esporte, que teria R$ 439 milhões – a Cultura teria R$ 1,423 bilhão.
O próprio futuro ministro, deputado federal reeleito, foi escolhido pela sua atuação na área de Desenvolvimento Social, tendo sendo ministro desta pasta no governo Michel Temer. Esportistas com anos de atuação nos bastidores de Brasília desconhecem antecedentes que ligam Terra ao esporte.
Ainda não está claro se o esporte terá direito a uma secretaria dentro do ministério, a mais de uma secretaria, ou se Bolsonaro acatará a ideia de recriar o Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto (INDESP), que existiu entre 1995 e 2000 e inicialmente era subordinado ao MEC.
Nesse meio-tempo, no último dia de seu primeiro mandato, o presidente Fernando Henrique Cardoso criou o Ministério do Esporte e Turismo, ao qual o INDESP passou a ser vinculado. Em outubro de 2000, o instituto foi extinto e substituído pela secretaria nacional de Esporte, por onde passou o velejador Lars Grael, cotado para ser novamente secretário.
O Ministério do Esporte foi criado assim que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu, em janeiro de 2003. Pelo seu comando passaram Agnelo Queiroz, Orlando Silva, Aldo Rebelo (todos do PCdoB), George Hilton (PRB), Ricardo Leyser (PCdoB), Leonardo Picciani e Leandro Cruz (MDB), esses dois últimos já no governo Michel Temer.
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
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