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Com dois estrangeiros, wrestling desafia crise econômica em Mundial

Demétrio Vecchioli

24/10/2018 04h00

Foi-se o tempo que o Brasil levava uma delegação grande para o Mundial de Wrestling (ou Luta). A competição começou no domingo em Budapeste (Hungria), mas só nesta quarta é que os primeiros brasileiros vão competir. Em crise financeira – e consequentemente técnica – a Confederação Brasileira de Wrestling (CBW) levou apenas seis atletas para a competição, sendo dois estrangeiros naturalizados.

As crises financeira e técnica andam de mãos dadas. No fim de 2016, a CBW perdeu o patrocínio da Caixa Econômica Federal e passou a depender exclusivamente dos repasses da Lei Agnelo/Piva, que não são expressivos para uma modalidade que nunca conquistou medalhas olímpicas. Sem dinheiro, a confederação deixou de oferecer moradia e alimentação para que a seleção treinasse no Rio, mudou-se para um centro de treinamento muito menor (com apenas um tapete) e deixou de proporcionar contínuo intercâmbio internacional.

"A gente ia para campeonato na Europa, ia todo ano para a Espanha, para Cuba. Agora não vai mais. Isso faz uma grande diferença para os atletas de ponta", lamenta Roberto Leitão, superintendente da CBW. As viagens agora estão restritas a eventos regionais, como o Pan-Americano e o Sul-Americano, que servem de funil para selecionar quem de fato tem condições de não fazer feio no Mundial.

De acordo com Leitão, a lista de seis convocados foi feita com base num critério simples: quem tem chance de vencer ao menos uma luta. Aline Silva também estaria no grupo se não tivesse sido submetido a uma cirurgia. Além dela, no feminino, o Brasil tem Giulia Penalber (até 57kg), irmã do judoca Victor Penalber, e Lais Nunes (até 62kg), que é a terceira do ranking mundial e aparece cotada para ir ao pódio. (As duas lutaram após a publicação deste post. Giulia foi eliminada na estreia, enquanto Lais disputa a repescagem na quinta, após perder para a campeã europeia, a búlgara Taybe Yusein. Na repescagem, precisa de duas vitórias para ficar com o bronze).

No masculino, o Brasil não convocou nenhum atleta da categoria luta livre, mas levou a Budapeste quatro atletas da greco-romana. Dois deles são estrangeiros: Marat Garipov, que nasceu no Casaquistão e mora no Brasil há alguns anos, e Sargis Khachatryan, que é armênio. O caso de Sargis, que chegou a disputar Mundiais de base pelo país natal, é curioso porque ele não tem passaporte brasileiro, mas conseguiu uma "naturalização esportiva", concedida pela federação internacional. Isso significa que ele pode defender o Brasil no Mundial, mas não em uma Olimpíada. Esse ano ele se tornou o primeiro homem "brasileiro" a ser campeão pan-americano na história.

"É preciso deixar bem claro que nós não contratamos ninguém. Não vamos buscar no exterior. São atletas que têm vínculo com o Brasil, vêm morar no Brasil, acabam mudando de nacionalidade e competem pela gente", argumenta Leitão. O time é completado por outros dois atletas da luta greco-romana:  Joilson Júnior e Angelo Moreira.

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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