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Promotora frustra Esquiva e rejeita luta por cinturão contra japonês

Demétrio Vecchioli

19/10/2018 18h45

Esquiva Falcão não irá enfrentar o japonês Ryota Murata pelo cinturão regular da Organização Mundial de Boxe (WBA, na sigla em inglês) entre os peso médios. O brasileiro, que tem 21 lutas profissionais e 21 vitórias, vinha comemorando há meses a certeza do duelo, que seria um revanche da final olímpica de 2012, quando o japonês ficou com o ouro e o brasileiro com a prata.

Mas, nesta seta, a agência que cuida da carreira de ambos avisou que não é bem assim. Murata, como campeão mundial, tem o direito de escolher seus adversários e não pretende lutar contra Esquiva. O brasileiro é somente o sexto do ranking mundial da WBA e o japonês está de olho em vôos mais altos.

"O Murata, caso vença o (Rob) Brant, quer encarar o GGG. Murata disse que já venceu Esquiva na Olimpíada e que não quer a revanche. Eu acho que é uma luta que faz todo o sentido, normal de acontecer, mas ele não quer lutar. Se ele não quer, eu não posso forçá-lo a fazer isso", disse Bob Arum, dono da agência Top Rank e agente dos dois lutadores, em entrevista à assessoria de imprensa de Esquiva.

Para o japonês, vencer o norte-americano Brant, terceiro do ranking da WBA, reforçaria seu status de terceira força da categoria. É que a WBA, numa jogada de marketing, criou um mecanismo pelo qual cada categoria tem dois campeões. Um "linear" (atletas hegemônicos, que fazem superlutas) e outro "regular" (cinturão que passa de mão em mão).

Na categoria de Esquiva isso é ainda mais claro, porque ela hoje é a mais equilibrada e rentável do mundo. GGG é o casaque Gennady Golovkin, que estava invicto até setembro passado, quando perdeu para o mexicano Saúl "Canelo" Álvarez na reedição de uma das lutas mais aguardadas da atualidade – a primeira, ano passado, terminou empatada.

Esta semana, Canelo assinou o maior contrato da história do esporte, para receber US$ 365 milhões para fazer 11 lutas em cinco anos. A boa notícia para Esquiva é que ele pode estar em uma dessas lutas. "Eu acho que vamos fazer mais algumas lutas para Falcão e então dar a ele a oportunidade de lutar pelo título contra Canelo ou GGG, se o GGG lutar com o Murata e vencer", explicou Arum.

Ainda que interessante financeiramente, o plano é arriscado para Esquiva. Profissional há cinco anos, ele nunca enfrentou rivais do mesmo nível que o dele. Seu último adversário, o mexicano Jonathan Tavira, já tinha cinco derrotas no cartel. O próximo, o argentino Guido Pitto, com quem Esquiva luta neste sábado, também já perdeu cinco vezes.

Enfrentar Murata seria dar um grande passo na carreira. Basta observar que Esquiva nunca ficou mais de sete rounds em cima de um ringue e uma luta por título mundial é realizada em melhor de 12. Pular esse estágio para encarar GGG ou Canelo, dois dos melhores boxeadores da atualidade, seria um passo ainda maior e incerto. Na carreira, GGG só perdeu para Canelo, que sua vez só perdeu para Floyd Mayweather Jr, que por sua vez nunca perdeu de ninguém. Os três são "foras de série".

Na declaração dada à assessoria de imprensa de Esquiva, Bob Arum prometeu que Esquiva luta por um cinturão até o fim de 2019. Mas outras promessas do promotor não foram cumpridas. Em julho, por exemplo, também via assessoria de Esquiva, ele disse que o brasileiro enfrentaria Murata em até nove meses, o que agora se sabe que não vai acontecer.

 

 

 

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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