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"Nova gestão da CBDA esconde informações a sete chaves", critica ex-diretor

Demétrio Vecchioli

15/10/2018 04h00

(Satiro Sodré/SSPress/CBDA)

Miguel Cagnoni chegou à presidência da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) em junho do ano passado com um discurso de combate às velhas práticas de Coaracy Nunes. Dezesseis meses depois, porém, a entidade continua sem entregar a prometida transparência. Quem faz a acusação é Renato Cordani, principal apoiador financeiro da campanha de Miguel e, até o mês passado, diretor-geral de esportes.

"Descobri coisas que me soaram mal, e quis discutir internamente. Não tive respaldo para sequer fazer a discussão e, pior, as informações foram trancadas a sete chaves. Nesse momento, só me restou renunciar", explicou o agora ex-diretor, em entrevista ao Olhar Olímpico.

O blog apurou que, em uma reunião no mês passado, Cordani questionou o presidente da CBDA sobre um pagamento supostamente feito a uma pessoa com quem o cartola tem relação pessoal. Miguel negou que tal pagamento tenha sido feito com dinheiro da confederação, mas não topou apresentar as movimentações financeiras de uma das contas da CBDA – aquela que não envolve recursos públicos e que, portanto, não é regida por legislação federal.

Cordani não ficou satisfeito. "Lutei para publicação irrestrita de salários, balancetes e contratos. Não tive sucesso em nenhuma dessas lutas. Mas o pior foi descobrir que nem mesmo eu, diretor geral de esportes, podia ter essas informações", reclamou.

Naquela mesma reunião, apresentou sua carta de renúncia e deflagrou um início de mais uma crise institucional. Afinal, Cagnoni perdeu aquele que era considerado seu braço direito, e que trabalhava na CBDA como voluntário.  "No momento em que eu estou emprestando a minha credibilidade para essa gestão, e as informações me são negadas, eu me perguntei se valia a pena continuar. E avaliei que não valia."

Cordani, geofísico e ex-nadador, vinha fazendo um trabalho elogiado na natação. Foi ele o responsável por alterar os critérios de classificação para as grandes competições (agora semelhantes aos do resto do mundo) e por implantar mudanças de regulamento nas categorias de base que visam ampliar o leque de possibilidade de medalhas no futuro. Mas vinha sofrendo com a falta de dinheiro.

Apesar das promessas da nova diretoria, a CBDA não ampliou seu leque de patrocinadores. O Finkel de Natação, por exemplo, disputado em agosto, foi quase todo bancado pelo Pinheiros. "Transparência e Governança não são apenas palavras da moda. São condições sine-qua-non para uma entidade receber patrocínios. É triste constatar que a atual gestão não tenha conseguido um só patrocínio importante novo, e viva exclusivamente de patrocínios do passado."

O Olhar Olímpico procurou a CBDA, que apenas replicou nota de setembro, quando informou a saída do dirigente, agradecendo por seus "excelente serviços". Ao blog entidade prometeu que "até o fim do ano" vai colocar no ar um novo site, no qual estarão disponíveis os dados cobrados por Cordani. A reportagem também tentou contato com Leonardo de Deus, presidente da comissão de atletas, que não respondeu as mensagens enviadas pelo celular.

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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