Cielo vence última prova no Brasil e se despede: "Quem viu, viu"
Demétrio Vecchioli
28/08/2018 18h34
Cesar Cielo comemora vitória nos 100m livre (Satiro Sodré/SSPress/CBDA)
Ninguém nadava na piscina de aquecimento do Troféu José Finkel quando foi dada a largada para os 50 metros livre. Não passou pela cabeça de ninguém na lotada arquibancada do Pinheiros perder a chance de ver pela última vez Cesar Cielo nadar. Dez anos depois do ouro olímpico em Pequim, o veterano de 31 anos mostrou que vai parar por cima. Venceu os 50m, como já havia vencido os 100m, desta vez com índice para o Mundial de Piscina Curta.
"Quem viu, viu. Quem não viu, vai ter que ver pelo Youtube", afirmou, no microfone do som ambiente, depois de dizer que essa foi "provavelmente" sua última prova no Brasil. Dificilmente os planos mudam. Ele vai para o Mundial na China, em dezembro, e depois não faz muito sentido viajar da Ásia direto para o Rio Grande do Sul, para nadar o Open de Natação. A competição que fecha a temporada brasileira não será classificatória para nada e tende a ser esvaziada.
Cielo tem contrato com o Pinheiros só até o fim do ano, já iniciou a carreira de empresário do ramo de materiais esportivos, e fez planos só até o Mundial de Piscina Curta. A competição, na China, é seu foco desde o fim do Mundial de Natação do ano passado, em julho. A preparação surtiu efeito.
A marca de 20s98 que lhe deu a vitória no Finkel, nesta terça, seria suficiente para fazê-lo campeão mundial em 2016. Nos 100m, a expectativa também é de poder brigar pelo tricampeonato mundial (venceu em 2010 e 2014, também anos não-olímpicos) mas Cesão quer mais. Não esconde que está descontente com a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).
"Queria fazer uma apelo ao pessoal da CBDA, para olhe com carinho revezamento (4x100m livre). Quando a gente tem a oportunidade de ser campeão mundial, como a gente tem agora, a gente não pode deixar passar. É importante para o ciclo até 2020", pediu.
É que, diferente do Mundial do ano passado e do Pan-Pacífico deste ano, quando a CBDA reservou poucas vagas na seleção, mas garantiu a participação dos quatro melhores dos 100m livre, no Mundial de Piscina Curta não há essa reserva. Vão 20 nadadores: os que fizeram índice em suas provas e os demais melhores por índice técnico, com limite de dois por prova.
Como Cielo ganhou tanto os 100m quanto os 50m, ele ocupa vaga que seria de outro velocista. O time que vai à China terá provavelmente ele, Matheus Oliveira (prata nos 50m) e Marcelo Chierighini (prata nos 100m). Quarto nos 100m, Gabriel Santos não se classificou. O time do revezamento seria completado por Breno Correia, quinto, que fez índice pelos 200m.
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
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Sobre o blog
Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.