Quatro anos após vaquinha para treinar, Maurren declara ter R$ 4,7 milhões
Demétrio Vecchioli
15/08/2018 17h00
Principal atleta olímpica a participar da corrida eleitoral, Maurren Maggi declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter um patrimônio de R$ 4,7 milhões. Apenas em "terra nua" – ou seja, terrenos desocupados – a campeã olímpica possuiu bens com valor venal de R$ 2 milhões. É comum que o valor venal seja expressivamente inferior ao de mercado. Maurren concorre ao Senado pelo PSB.
A declaração de bens vem pouco mais de quatro anos depois de a atleta lançar uma vaquinha virtual buscando arrecadar fundos para financiar uma suposta campanha olímpica. Em 2014, ela pediu que torcedores doassem R$ 100 mil e acabou por juntar R$ 44 mil. À época, alegou que estava sem patrocínio, mas recebia R$ 3,1 mil mensais pela Bolsa Atleta, do governo federal, além de uma bolsa da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), paga com recursos da Caixa Econômica Federal.
"Muitas pessoas se surpreendem quando falo que não consegui patrocínio para meus treinos. Pensam que por eu ser a Maurren Maggi os patrocínios estariam batendo a minha porta. Porém a realidade é que preciso hoje muito do seu apoio: meus amigos, familiares, fãs, jornalistas, e atletas. Preciso que contribuam a partir de 10 reais para me apoiar nessa nova jornada no crowdfunding. Onde busco o patrocínio diretamente com o povo, as massas. Peço que me ajudem a coletar os fundos para os meus próximos 100 dias de treino para que eu não tenha que parar", escreveu, à época, no site de financiamento coletivo
Apesar do dinheiro arrecadado, Maurren não competiu nenhuma vez em 2014, ano do financiamento. Depois, em 2015, encerrou a temporada já em março. No mês seguinte, anunciou que iria se aposentar ao fim da temporada – o que no atletismo acontece no mês de setembro. Na verdade, nunca mais competiu.
Na Rio-2016, Maurren foi comentarista de atletismo da Rede Globo. No ano passado, disputou um reality show na Band. Mas suas aparições mais recorrentes nos últimos meses têm sido em eventos da Caixa Econômica Federal – ela recebe um salário mensal para fazer essas aparições – e em competições profissionais de pôquer.
O blog procurou Maurren e pediu um comentário sobre a questão. Ela não respondeu até a publicação desta reportagem.
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.
Sobre o blog
Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.