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Sesc-RJ assume legado olímpico da prefeitura e deve investir R$ 10 milhões

Demétrio Vecchioli

23/05/2018 04h00

Parque Radical de Deodoro (divulgação)

Se o governo federal contratou o BNDES para realizar estudos para privatizar a área que lhe cabe no legado olímpico, a prefeitura do Rio encontrou uma solução caseira para tornar acessíveis à população a Arena Carioca 3 e o Parque Radical de Deodoro. A partir de junho, ambos serão geridos em parceria com o Sesc/Senac-RJ, que promete investir cerca de R$ 10 milhões em um acordo inicial de um ano. A promessa é oferecer atividades de iniciação esportiva, além de oficinas artísticas, atendimento odontológico e cursos profissionalizante, entre outros serviços.

Hoje aberto à população apenas aos domingos e para competições (o Mundial de Canoagem Slalom será lá em setembro), o Parque Radical de Deodoro vai passar a funcionar de terça a domingo. A estrutura pertence à prefeitura do Rio, que no ano passado criou a Subsecretaria de Legado Olímpico para administrá-lo junto da Arena 3. O orçamento enxuto da pasta comandada por Patrícia Amorim, porém, vinha impedindo uma efetiva utilização do espaço pela população.

"É um parque de difícil ocupação. De segunda a sábado, ele recebe as equipes de canoagem slalom e BMX, em parceria com confederações e com o COB, mas são 20 atletas. É um número muito pequeno de pessoas utilizando. No custo-benefício, é muito custo para pouca gente usando", diz a ex-presidente do Flamengo, que em Deodoro ainda não havia conseguido fazer a engrenagem girar. Ou seja: movimentar o parque diariamente para oferecer atividades, e vice-versa.

Agora isso deverá ser atingido com o oferecimento de aulas de natação, capoeira e hidroginástica, cursos de inglês e espanhol, oficinas artísticas, ações de assistência social e odontologia, todas sob responsabilidade do Sesc-RJ e cursos profissionalizantes do Senac-RJ. Uma biblioteca também será instalada ali. A ideia é oferecer as atividades esportivas, complementadas pelas demais.

O Sesc/Senac está sob intervenção desde o fim do ano passado, mas o interventor Luiz Gastão Bittencourt garante que a proposta dos comerciários para o legado olímpico é de longo prazo. "Nossa missão também é fazer com que as missões das instituições possam ser implementadas em caráter duradouro. Esses projetos não são da intervenção, são de como o Sesc age em toda a nação. Fazemos isso no Brasil inteiro", disse ao blog o interventor, que desde 2001 comanda o Sistema S do Ceará.

É de lá que vêm algumas ideias, como usar ícones do esporte para servirem de inspiração para quem está começando – em Fortaleza, Manoel Tobias, do futsal, comanda uma escolinha em parceira com o Sesc. No Rio, na Arena Carioca 3, serão oferecidas aulas de tênis de mesa, vôlei, futsal, ginástica artística, luta, basquete, handebol e musculação, ações de assistência social e odontologia e aulas de inglês e espanhol. A academia olímpica de R$ 9 milhões, recentemente inaugurada, também deverá ser operada pelo Sesc.

Atualmente, o ginásio, onde fica a subsecretaria comandada por Patrícia Amorim, já tem uma quadra poliesportiva cercada por equipamentos de modalidades como luta, ginástica e tênis de mesa, herdados da Olimpíada. No caso da ginástica, por exemplo, a federação estadual montou um verdadeiro centro de treinamento, mas não tem recursos para contratar professores. Agora o Sesc vai resolver isso.

"A parceria com o Sesc vai aumentar o número de atendimentos. Nós vamos supervisionar e coordenar tudo isso, numa estrutura que envolve bombeiro, eletricista, manutenção, guarda, limpeza dos equipamentos. E o Sesc vai oferecer mão de obra", explica Patrícia Amorim, complementando que a prefeitura não deve ter uma redução de custos com o novo acordo, uma vez que a Guarda Municipal e a Comlurb, por exemplo, continuarão atuando nos equipamentos. "Mas vamos poder atender muito mais gente".

A Arena Carioca 3 também passará a receber diariamente os treinos da equipe masculina do Sesc-RJ, comandada por Giovane Gávio. Chegou-se a especular que a intervenção retiraria o investimento feito no vôlei, mas Bittencourt já assegurou a continuidade do projeto multicampeão no vôlei feminino, que agora dever ser aproximar da juventude. "A ideia é dar clínicas de vôlei nas unidades do Sesc e permitir que os nossos atletas inspirem as novas gerações", diz.

O modelo aproxima o Sesc-RJ do que faz, em São Paulo, o SESI. Mas por enquanto a ideia do Sesc-RJ não é aproveitar o legado para montar novas equipes de rendimento. Tanto em Deodoro quanto na Arena 3 a participação dos comerciários será com a iniciação no esporte e com o esporte de recreação, além de atividades de lazer, culturais e educacionais. No futuro, porém, um passo a mais pode ser dado. "Vamos começar com essas ações. Isso não quer dizer que não podemos avançar no futuro. Precisamos primeiro reorganizar a casa", avalia Bittencourt.

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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