Picciani confirma que vai deixar Ministério do Esporte e tentará reeleição
Demétrio Vecchioli
29/03/2018 15h43
(Valter Campanato/ Agência Brasil)
O Ministério do Esporte deverá ter um novo ministro nos próximos dias. Em conversa com o Olhar Olímpico, Leonardo Picciani (MDB-RJ), que ocupa o cargo desde o início do governo do presidente Michel Temer (MDB), confirmou que vai se descompatibilizar do posto para poder concorrer às eleições de outubro. Isso precisa acontecer até o fim da semana que vem.
"Até o fim da semana que vem devo retornar meu mandato de deputado federal", admitiu Picciani, ao blog, enquanto deixava o Prêmio Brasil Olímpico, evento realizado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) na zona sul do Rio de Janeiro na noite de quarta-feira.
O ministro chegou atrasado ao evento, causando inclusive seu início um pouco mais tarde do que estava anunciado. Pouco antes, o pai dele, Jorge Picciani, ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio e líder do MDB no estado, havia deixado o presídio José Frederico Marques, em Benfica. Foi beneficiado por uma decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que converteu a prisão preventiva de Picciani pai em prisão domiciliar.
Antigo líder do governo Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani desembarcou no governo Temer assim que o mesmo teve início. Líder político de bom relacionamento, chegou a ser cotado para ser o candidato do MDB ao Senado no Rio. Mas a prisão do seu pai foi uma ducha de água fria nessas pretenções.
Tanto que agora ele diz que pretende disputar apenas a reeleição na Câmara e nega que tenha cogitado tentar uma cadeira no Senado. "O partido em determinado momento cogitou, mas eu nunca tomei essa decisão, que é tomada em um momento oportuno, de convenções", afirmou.
Substituto
Faltando nove meses para o fim do governo e seis para a eleição, é improvável que Michel Temer aponte um ministro para o Esporte que já não esteja habituado com a pasta, uma vez que não há tempo para mudanças de rumos e de equipe. Assim, o substituto de Picciani deve sair do seu secretariado. "Vamos conversar isso durante a semana", desconversa.
Especula-se que três dos seus secretários têm chances de serem nomeados. O favorito é o judoca campeão olímpico Rogério Sampaio, que chegou ao governo Temer como secretário-nacional da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) e foi promovido a secretário do Esporte de Alto Rendimento quando Luiz Lima pediu demissão.
Outros dois nomes correm por fora e têm seus nomes envolvidos em denúncias. Um deles é o secretário-executivo Fernando Avelino, ex-presidente do Detran-RJ e que participou com cargos executivos dos governos de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão (ambos do MDB) no Rio. Na semana passada, o Ministério Público do Rio (MP-RJ) denunciou Avelino por um esquema que beneficiava o empresário Arthur Soares, conhecido como Rei Arthur, por contratos no Detran.
O outro é Leandro Cruz Froes da Silva, secretário nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social, que já foi preso por porte ilegal de armas. Além disso, ele também já foi acusado de improbidade administrativa, em processo que corre em Nova Iguaçu (RJ).
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
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Sobre o blog
Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.