Se a Olimpíada é de Inverno, nada mais óbvio que faça frio nos Jogos de PyeongChang, que começam oficialmente nesta sexta-feira. O que não estava nos planos era temperaturas tão baixas, com a sensação térmica chegando a -30º C. Todos terão que usar agasalho na cerimônia de abertura, marcada para começar às 9h (de Brasília). Até mesmo o mais famoso descamisado dos Jogos do Rio: Pita Taufatofua.

Talvez você não se lembre dele pelo seu nome de batismo, mas pelo alcunha como ficou conhecido: "O besuntado de Tonga". Pois o lutador de taekwondo, que parece não ter medo de desafios, vai se tornar um dos poucos atletas da história a disputar duas Olimpíadas seguidas, de Verão e Inverno. Na Coreia do Sul, ele vai competir na neve.

Mais especificamente, no esqui cross country, que basicamente é uma corrida na montanha. Algo que qualquer um pode fazer sem grandes riscos, desde que saiba esquiar. Por isso, assim como na natação e no atletismo entre os esportes de verão, é no esqui cross que o Comitê Olímpico Internacional (COI) reserva vagas para países sem tradição. Só exige que os atletas convocados atinjam índices mínimos.

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Sabendo dessa possibilidade, Taufatofua, que é australiano de nascimento, resolveu tentar. Assim como o jovem brasileiro Victor Santos, primeiro aprendeu a técnica de esqui usando uma prancha de rodinhas sob os pés. Depois, apelou para uma vaquinha virtual para conseguir dinheiro e ir à Europa tentar o índice olímpico. Falhou sete vezes, perdeu o voo que o levaria para a oitava tentativa, na Croácia, e finalmente conseguiu a vaga competindo na Islândia, no última dia do período de classificação.

Com o índice, ele conseguiu a convocação para ser o segundo representante de Tonga a participar dos Jogos de Inverno e, curiosamente, o menos polêmico. É que o estreante foi um atleta chamado Fuahea Semi, que conseguiu vaga para competir no luge em Sochi-2014. O grande problema é que, desde que passou a treinar na Alemanha, ele sempre se apresentou como Bruno Banani, "coincidentemente" uma marca alemã de cuecas. Na verdade, não havia coincidência: Semi mudou seu nome em uma estratégia de marca, merecendo críticas até do presidente do COI, Thomas Bach.

Já Taufatofua é mais conhecido como o "Besuntado de Tonga" mesmo – ao menos, no Brasil. Tudo por conta do modelo que escolheu para usar na cerimônia de abertura dos Jogos do Rio, no Maracanã, 2016: uma saia típica do seu país, chinelo de dedo, um colar, duas fitas nos braços, e só. O peito nu, banhado de óleo, atraiu a atenção das redes sociais para o primeiro lutador de taekwondo de Tonga a disputar uma Olimpíada.

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Só depois da fama repentina é que Taufatofua iniciou seu planejamento para repetir o feito na Olimpíada de Inverno. Ainda em 2016, esquiou pela primeira vez na vida, já pensando na classificação para Pyeongchang, para ser o primeiro esquiador da Polinésia. Por conta da mudança de modalidade, perdeu 15 quilos de músculos, segundo suas próprias contas.

Agora não faz mais sentido mostrar os músculos sem camisa. Até porque vai fazer frio. "O que eu sei é que na Coreia é muito frio, então acho que vai ser uma ideia muito inteligente eu colocar minhas roupas, né?", brincou ele em entrevista ao jornal ABC, da Austrália.

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A cerimônia

A cerimônia de abertura dos Jogos de Inverno começa às 9 horas da manhã desta sexta-feira, pelo horário de Brasília, e o SporTV promete transmitir. A previsão é de que o evento dure cerca de duas horas no PyeongChang Olympic Stadium, construído especialmente para a Olimpíada, mas que não irá receber nenhuma prova.

No total, 91 nações estarão representadas no desfile, ainda que apenas 89 bandeiras nacionais venham a ser exibidas. A da Rússia será substituída pela do movimento olímpico (branca, com os anéis olímpicos ao centro), uma vez que o país foi excluído dos Jogos. Seus atletas representarão uma equipe denominada Atletas Olímpicos da Rússia.

Já as Coreias do Sul e do Norte vão desfilar juntas, sob uma única bandeira, branca com o desenho da península coreana em azul. Mais que um ato diplomático, uma estratégia para evitar uma sonora vaia aos norte-coreanos. A "Coreia" vai atuar como uma equipe só no hóquei feminino, num elenco com 24 jogadoras da Coreia do Sul e 12 da Coreia do Norte – a vaga era das sul-coreanas.

Como tradicionalmente os países desfilam pela ordem alfabética de seus nomes na língua local – no caso, o coreano -, o Brasil estará logo à frente dos países que, em português, têm seus nomes começando com S (San Marino, Sérvia, Suécia…).

A delegação brasileira terá como porta-bandeiras o piloto de bobsled Edson Bindilatti, que está em sua quarta participação olímpica e comandará tanto o trenó do 4-men, quanto do 2-men, estreante. Além dos quatro integrantes do bobsled, o Brasil ainda tem a snowboarder Isabel Clark, os esquiadores de cross country Victor Santos e Jaqueline Mourão (em sua sexta participação, recorde entre mulheres), a patinadora Isadora Williams e Michel Macedo, do esqui alpino.

Este último, estreante, de apenas 19 anos, sofreu uma lesão no joelho durante um treino na terça-feira e não irá competir em duas das quatro provas nas quais está inscrito. O COB está otimista de que ele possa competir nas outras duas.