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Fim de equipe faz COB ligar sinal de alerta para o atletismo em Tóquio

Demétrio Vecchioli

01/02/2018 12h00

Velocista Vitória Rosa (Osvaldo F./B3 Atletismo)

No fim do ano passado, a Federação Internacional de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) anunciou que, ainda neste primeiro trimestre de 2018 vai colocar em prática um novo ranking mundial. Nele, não valerão somente as melhores marcas obtidas por cada atleta, mas também os resultados obtidos em eventos internacionais, de forma a valorizá-los. Quem competir mais vezes aparecerá em melhor posição no ranking e terá mais chance de conquistar uma vaga para a Olimpíada de Tóquio, em 2020, e também para o Mundial de 2019.

A proposta, porém, chega em péssima hora para o atletismo brasileiro. Com o fechamento da B3 (antiga BM&F Bovespa), principal equipe do país, as oportunidades de competir no exterior deverão ficar mais escassas. É que a participação em meetings internacionais costuma ser bancada pelo próprio atleta, ou seu clube, e não pela confederação, muito menos pelo comitê olímpico.

Nas diversas vezes em que participou de etapas da Diamond League, Fabiana Murer, por exemplo, sempre usou o verde e azul da BM&F. E o mesmo vale para muitos outros brasileiros que ou viajam para competir bancados pelo clube de São Caetano do Sul, ou mesmo moravam no exterior graças principalmente aos recursos da B3.

Um cenário que preocupa o Comitê Olímpico do Brasil (COB). Em nota ao Olhar Olímpico, o COB afirmou que "está atento à questão" e garantiu que "continuará apoiando os atletas da B3, que já estavam dentro das ações da entidade". E não são poucos atletas: quase 30.

Se antes o COB ajudava com a contratação de um ou outro técnico e bancava períodos específicos de treinamento, principalmente para os revezamentos, agora o comitê deverá ter que assumir novas funções. Tanto é que já discute a contratação de um técnico estrangeiro para Wagner Domingos, o Montanha, finalista olímpico do martelo, que treinava e morava na Eslovênia bancado principalmente pela B3.

A B3 ainda não vai retirar completamente o apoio ao atletismo, patrocinando atletas e pagando o salário de 13 treinadores durante o ano de 2018. Para 2019, porém, parece improvável que um novo apoiador invista com o mesmo ímpeto. Além disso, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) também está com menos dinheiro. Se no ciclo olímpico passado ela recebeu um total de R$ 90 milhões, até Tóquio terá direito a apenas R$ 60 milhões da Caixa Econômica Federal, sua patrocinadora.

Faltando um mês para o início do Mundial Indoor, por enquanto apenas atletas da Sogipa, de Porto Alegre, competiram em eventos internacionais indoor, além daqueles que já moram no exterior, como Thiago Braz (da Orcampi, na Itália) e Rosângela Santos (do Pinheiros, nos EUA).

Procurada, a B3 não quis fazer qualquer comentário, nem informou quais atletas mantinha no exterior. O clube diz que vale o comunicado enviado à imprensa no último dia 15, quando afirmou que "continuará apoiando o atletismo com aportes financeiros ao longo de todo o ano de 2018 e está em tratativas para a doação de todo seu acervo esportivo a outras instituições tradicionais do atletismo".

No fim de semana passado, o CT da equipe, que pertence à Prefeitura de São Caetano do Sul (SP) e está cedido ao clube, recebeu a primeira competição do ano, um torneio da Federação Paulista de Atletismo (FPA). Os atletas que pertenciam à B3 competiram registrados como da Orcampi/Unimed/em transferência.

Chamou atenção, porém, o grande número de atletas que competiram "sem clube" e a ausência do quarto principal clube do país, a ASA São Bernardo, que competia em casa (metade da competição aconteceu em São Bernardo). A prefeitura da cidade do ABC retirou boa parte do investimento que fazia no ASA (Associação Sãobernardense de Atletismo) e há quem aposte que a essa será também mais uma equipe a fechar.

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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