As ONG's Atletas pelo Brasil e Sou do Esporte, convidadas a participarem do processo de formulação do novo estatuto do Comitê Olímpico do Brasil (COB) ficaram satisfeitas com a minuta apresentada no início da semana passada, no Rio. Mas não plenamente. Até quarta-feira, quando o novo estatuto será votado em assembleia geral extraordinária, elas querem que mais mudanças sejam feitas.

Em documento enviado no fim da semana para o presidente do COB, Paulo Wanderley Teixeira, e para a comissão estatuinte, formada pelos presidentes das confederações de atletismo, vela e esgrima e da Comissão dos Atletas, as duas ONG's dizem terem recebido com "entusiasmo" o novo estatuto,  parabenizando "pelo esforço empregado no sentido de ouvir a sociedade e os diversos atores do esporte olímpico no país". "Agradecemos pela recepção as nossas reivindicações e pela disponibilidade em nos receber", apontam Raí, pela Atletas, e Fabiana Bentes, da Sou do Esporte.

Eles ressaltam que o novo estatuto "mostra claros avanços para a democratização e a modernização da gestão do COB", citando o formato de eleição e composição do Conselho Fiscal desvinculado dos demais cargos eletivos e em ciclos alternados; criação de um Conselho de Ética independente e eleito pela assembleia geral; determinar um quórum mínimo de 1/3 dos filiados com direito a voto para a instalação das assembleias gerais; eleições sempre com votos secretos e demais decisões das assembleias sempre por votação aberta; clara diminuição das cláusulas de barreira para acesso ao poder da entidade; diminuição dos poderes na mão de uma única pessoa, com a eliminação do poder "Presidência".

Ainda assim, as ONG's pedem algumas alterações na minuta apresentada na semana passada às confederações e que, por enquanto, é a versão que será levada à assembleia geral na próxima quarta-feira. A principal delas é a inclusão de árbitros e treinadores nos processos decisórios. A proposta que está na mesa é que os atletas tenham direito a um voto a cada três das confederações, mas árbitros e treinadores não participam.

As ONG's ainda querem que a assembleia geral possa convocar o Conselho Fiscal e o Conselho de Ética quando julgar necessário – o proposto é que só o Conselho de Administração possa fazer isso -, que o cronograma de reuniões deste conselho, bem como suas atas, sejam expostas no site do COB, que as federações não possam indicar familiares de dirigentes ao conselho, entre outras coisas.

Um dia antes da assembleia extraordinária convocada para votar o novo estatuto, na terça-feira uma reunião da Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados vai também discutir o tema. Entre os convidados para o debate estão o próprio Paulo Wanderley, representantes do TCU e do Ministério da Defesa e os presidentes de diversas confederações. O ministro do Esporte, Leonardo Picciani, não confirmou presença.