Prisão de irmão faz ministro Picciani cancelar evento com o COB
Demétrio Vecchioli
14/11/2017 09h10
Com Leo Burlá
Depois de muito tempo, o ministro Leonardo Picciani participaria de uma entrevista coletiva na tarde desta terça-feira, no Rio de Janeiro. O evento, em conjunto com o Comitê Olímpico do Brasil (COB), porém, será cancelado pelo Ministério do Esporte. O entendimento da pasta é que não há como realizar um evento público depois de uma operação da Polícia Federal atingir a família Picciani.
Felipe Picciani, um dos três irmãos do ministro, é suspeito de ter lavado dinheiro obtido de forma ilícita a partir de transações envolvendo negócios da família. Ele e o pai são sócios em uma empresa do ramo agropecuário. Jorge Picciani, patriarca dos Picciani, presidente do PMDB no Rio e da Assembleia Legislativa do estado, tem um mandado de condução coercitiva contra ele.
Esta é a segunda vez que Picciani será obrigado a depor à Polícia Federal por força de ordem judicial. A primeira ocorreu em março deste ano, quando ele foi investigado na Operação O Quinto do Ouro –que prendeu conselheiros do TCE (Tribunal de Contas do Estado do RJ) no âmbito da Lava Jato.
A operação contra os Picciani acontece em um dia importante para o ministro do Esporte, que assinaria no Parque Aquático Maria Lenk, às 14h, o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) do Comitê Olímpico do Brasil (COB). O evento era considerado importante, uma vez que não é comum que dirigentes esportivos tão poderosos falassem juntos com a imprensa.
No entender da comunicação do Ministério do Esporte, a prioridade de Leonardo Picciani neste momento é dar suporte à família. Por se tratar de um documento que necessita de sua assinatura, não haveria como colocar outra pessoa para participar do evento em seu lugar – ele perderia o sentido.
Além disso, o TAC é uma das conquistas do ministério dentro de uma agenda de moralização do esporte. Nele, o COB vai se comprometer a dar transparência à forma como gasta os recursos da Lei Agnelo/Piva e a alterar seu estatuto, para ser mais democrático. Uma conquista que vai de encontro a uma operação policial contra a família do ministro.
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
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