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Ministério do Esporte nomeia filho de interino do COB como diretor

Demétrio Vecchioli

11/10/2017 04h00

(reprodução/Facebook)

A semana tem sido de boas notícias na família Teixeira, ainda que isso fira a independência do controle de doping no Brasil. Um dia antes de uma assembleia extraordinária histórica que pode abrir caminho para Paulo Wanderley assumir de forma definitiva a presidência do Comitê Olímpico do Brasil (COB), o filho dele, Sandro de Oliveira Teixeira, foi promovido pelo presidente da República Michel Temer e se tornou diretor do Ministério do Esporte.

Sandro, agora diretor do Departamento de Informação e Educação da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), cargo que faz parte do organograma do Ministério do Esporte, já atuava na pasta desde o ano passado, como assessor do secretário da ABCD, então o ex-judoca Rogério Sampaio.

A primeira nomeação de Sandro, aliás, já havia sido citada em reportagem da Folha de S. Paulo do ano passado que lembrava que a Agência Mundial Antidoping (Wada) cita como princípio número 1 que o controle antidoping deve "atuar com isenção e total independência em relação às organizações desportivas". À época, Paulo Wanderley era vice-presidente do COB.

A nomeação desta terça-feira, assinada pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, porém, vem em um momento no qual Paulo Wanderley é o presidente em exercício do COB. E, com Carlos Arthur Nuzman atrás das grades, tudo indica que é questão de tempo, e de burocracias, para que o ex-presidente da confederação de judô assuma de forma definitiva o comando do COB. O Ministério do Esporte, claro, sabe disso.

Hoje, uma mesma família tem a presidência do COB e uma diretoria da ABCD, reforçando as críticas feitas pelo especialista português Luis Horta, que deixou o país antes da Olimpíada reclamando que o COB fazia pressão contra o excesso de testes antidoping. O COB sempre negou. Bom ressaltar que, no novo cargo, Sandro não atuará diretamente na colheita de exames.

Sandro Teixeira foi promovido para um cargo que ficou vago depois que Luiz Celso Giacomini, então diretor, tornou-se o secretário da ABCD – ele ocupou o lugar de Rogério Sampaio, que virou secretário de Esporte de Alto Rendimento.

Ministério diz que nomeação não fere código

Em nota, o Ministério do Esporte se defendeu e disse que a nomeação de Sandro não fere a independência do controle de doping no Brasil. Confira a nota abaixo:

"A nomeação de Sandro Teixeira como novo diretor de Educação e Informação da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) não fere o Código Mundial Antidopagem. A atividade desenvolvida pela diretoria é voltada para informação e prevenção à dopagem, concentrada na relação com entidades esportivas e órgãos de classe da área de Educação Física. Portanto, a atribuição do cargo não tem relação com a operação antidopagem do órgão.

Em recente relatório final de auditoria produzido pela Agência Mundial Antidopagem (Wada), e entregue nesta semana ao Ministério do Esporte, a agência confirmou que a ABCD é um órgão que tem atuação em plena conformidade com o Código, incluindo seus processos e seus servidores.

O Ministério do Esporte lamenta que o colunista ignore princípios básicos do jornalismo ao publicar reportagem sem ouvir a pasta. Também repudia o método de apuração utilizado: o jornalista enviou, por e-mail, solicitação de resposta às 22h, já informando que a matéria seria publicada às 4h".

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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