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Mayra foi sparring no bi de Derly e agora é ela mesma bicampeã do mundo

Demétrio Vecchioli

01/09/2017 16h10

(Paulo Pinto/CBJ)

Há exatos 10 anos, Mayra Aguiar era, também ela um pouquinho, bicampeã do mundo no judô. Afinal, não foram poucas as vezes em que bateu as costas no chão para ajudar no treinamento de João Derly. Tanto sacrifício, aos 16 anos, valeu à pena. Agora é ela quem é bicampeã mundial. Depois do primeiro ouro em 2014, o bi foi conquistado nesta sexta-feira, em Budapeste. No judô brasileiro, só ela e o seu ídolo, também gaúcho da Sogipa, podem se orgulhar deste feito.

"O Derly foi uma inspiração para mim. Eu ajudava ele na época do Mundial e via o quanto ele se esforçava e quanto é que dava para chegar na realidade de ser campeão do mundo, bicampeão do mundo. Tu poder ter alguém que te inspire, que veja que dá para tornar real, isso é muito legal. Fiquei muito feliz de ter conquistado esse titulo, saber que eu também posso", disse Mayra, pelo telefone, ao Olhar Olímpico, depois de receber a medalha de ouro na Budapeste Arena e ouvir mais uma vez o hino nacional.

Subir ao pódio não é novidade para ela. Entre 2006 e 2010, ela conquistou quatro medalhas em Mundiais Júnior, sendo a última de ouro. Em Mundiais adultos, esta é é quinta conquista dela, que também tem dois bronzes e uma prata. Além disso, Mayra tem dois bronzes olímpicos (2012 e 2016) e três medalhas em Jogos Pan-Americanos (duas pratas e um bronze). Catorze medalhas em 17 participações em grandes competições.

"Acho que eu comecei muito cedo e isso foi muito importante. Com 14 anos entrei na seleção. Sempre me forcei muito a não admitir perder, sempre me cobrei muito. Tudo isso foi consequência, de treinos, das pessoas envolvidas, de tudo", comentou, minimizando o fato de que agora ela é novamente a brasileira com mais medalhas em Mundiais – Érika Miranda havia empatado com ela ao conquistar o bronze na terça-feira.

Sempre fria, Mayra disse ao blog que não levou ao tatame a rivalidade do judô brasileiro com o japonês. Antes dela, cinco brasileiras foram eliminadas no Mundial por japonesas, todas elas depois campeãs ou medalhistas de prata. A história se repetiu com Stephannie Arissa, Sarah Menezes, Érika Miranda e, nesta sexta, com Maria Portela e Samanta Soares. Também poderia ter acontecido com Mayra, afinal, tanto a semi quanto a final foram contra japonesas.

"Eu estava com a cabeça de não pensar nas adversárias, pensar no que eu teria que fazer. Estava muito focada. Independente de quem viesse eu daria o máximo de mim. Eu só via quem viria uma luta antes mesmo, quem seria a próxima. Prefiro assim, estar focado. Se a gente deixar as emoções passarem para o tatame acaba complicando. Estava muito focada, pensando em dar meu melhor, estudar cada adversário para saber a estratégia para ganhar. Procuro deixar as emoções fora do tatame, senão acaba podendo atrapalhar."

Questionada pelo blog, Mayra não quis entrar em polêmicas sobre o fato de a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) ter cortado o fundo de R$ 1,5 milhão ao ano que era destinado a premiações, como noticiou a Folha há duas semanas. "Não dá para pensar em dinheiro nessas horas. Eu lutei com objetivo de conquistar medalha de ouro, me tornar bicampeã. Eu luto com um objetivo e se (a premiação) vier, com certeza vai ajudar muito. Os patrocinadores ganham muito com isso também. É uma ligação muito boa, atletas e as empresas."

 

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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