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Após bater recorde sul-americano, Rosângela é sétima na final dos 100m

Demétrio Vecchioli

06/08/2017 17h54

(AP Photo/Tim Ireland)

Não deu medalha, e dificilmente daria. Mas Rosângela Santos fez muito mais do que dela se esperava neste Mundial de Atletismo. Depois de entrar na competição fora do Top 30 do ranking, a brasileira alcançou um histórico sétimo lugar na final dos 100m rasos no Estádio Olímpico de Londres, com 11s06. É o melhor resultado já obtido por uma brasileira na prova mais rápida do atletismo.

A medalha de ouro foi para a norte-americana Tori Bowie, com 10s85, em chegada decidida só no photo finish contra a marfinense Marie-Jossé Ta Lou. Dafne Schippers, da Holanda, ficou com o bronze com 10s96, cinco centésimos acima do que a brasileira fez na semifinal. Mas não dava para esperar Rosângela ainda mais rápida após só duas horas e meia de descanso. Ela deu tudo que tinha que dar na semifinal, em busca de uma classificação inédita.

Rosângela, que ainda vai correr os 200m a partir de terça-feira e disputar o revezamento 4x100m livre no domingo que vem, deixa o Estádio Olímpico nesta noite como a sul-americana mais rápida de todos os tempos. Na semifinal, ela bateu o recorde regional ao correr os 100m em 10s91, superando em 0s08 o antigo recorde, da equatoriana Angela Tenorio. Já o recorde brasileiro, de Ana Cláudia Lemos, foi estraçalhado – era 11s01.

Além do sétimo lugar obtido na final deste domingo, Rosângela entra para a história do atletismo como a primeira mulher brasileira a quebrar a barreira dos 11 segundos nos 100m – a 99ª no mundo. É um feito equivalente a entrar na casa dos 9 segundos na prova masculina, o que nunca nenhum brasileiro conseguiu – Robson Caetano é o recordista com 10s00.

O ano de 2017 já era especial para Rosângela, que em março recebeu sua medalha olímpica de bronze. Em 2008, ela tinha 17 anos quando compôs o revezamento 4x100m livre do Brasil que terminou numa inesperada quarta colocação na Olimpíada de Pequim, com Jamaica e EUA desclassificados. No ano passado, porém, a russa Yuliya Chermoshanskaya foi flagrada na reanálise de amostras antidoping daquela Olimpíada e a Rússia perdeu o ouro que ganhou na pista. O Brasil acabou elevado ao terceiro lugar e Rosângela recebeu sua medalha em festa do COB.

O resultado deste domingo ainda a ajuda a continuar sobrevivendo do atletismo por pelo menos mais um ano, uma vez que ela passa a ter direito ao Bolsa Pódio. Contratada pelo Pinheiros, atleta militar e patrocinada pela Nike, Rosângela tem reclamado dos custos de se manter morando e treinando em Houston, nos Estados Unidos. Este ano, chegou a lançar uma vaquinha virtual para bancar seus treinos e disse diversas vezes que estava esperando uma licença para poder virar motorista de Uber nos EUA.

 

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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