Em 5º no revezamento medley, Brasil fecha Mundial na elite da natação
Demétrio Vecchioli
30/07/2017 14h37
Satiro Sodré/CBDA/Divulgação
A natação brasileira se despediu do Mundial de Esportes Aquáticos, neste domingo, em Budapeste, comprovando que, apesar do fracasso na Rio-2016, está entre as sete ou oito principais forças da modalidade, especialmente no masculino. Na prova que melhor mede isso, o revezamento 4x100m medley, o time formado por Guilherme Guido, João Luiz Gomes Jr, Henrique Martins e Marcelo Chierighini conseguiu um histórico quinto lugar, com 3min31s53. Os EUA ficaram em primeiro, a Grã-Bretanha em segundo e a Rússia em terceiro. O Japão também bateu à frente do Brasil
O resultado só não é melhor do que o quarto lugar obtido em Roma, em 2009, quando o Brasil fez um Mundial muito acima da média, beneficiado pelo fato de seus nadadores estarem, naquela competição, usando os depois proibidos trajes tecnológicos – nem todo mundo teve acesso às roupas feitas pela Jaked.
Desde então, a equipe nunca mais sequer conseguiu se classificar à final, ficando sempre nas eliminatórias – foi 10º em Kazan, em 2015, por exemplo. No Rio, com a mesmíssima formação, o Brasil foi sexto, atrás de EUA, Grã-Bretanha, Austrália (que desta vez nem se classificou para a final), Rússia e Japão. A China também bateu na frente, mas foi desclassificada.
Em Budapeste, a comissão técnica do Brasil confiava tanto na possibilidade de uma final que poupou João Gomes e Chierighini pela manhã, escalando Felipe Lima e Bruno Fratus nos seus lugares. À tarde, com equipe completa, o destaque ficou com João Luiz Gomes Jr, no nado peito.
Guilherme Guido abriu com 53s53, melhor marca dele no campeonato, ainda que tenha sido finalista dos 100m costas. João Gomes recebeu em quinto e entregou em sexto, mas fez a segunda melhor parcial do nado peito. Henrique Martins foi o quarto melhor do borboleta, mas passou para Marcelo Chierighini já bem atrás. O especialista no nado livre foi mais de um segundo mais lento do que a parcial que fez no 4x100m livre e completou em quinto. Mas, mesmo se tivesse repetido o resultado, não teria mudado a posição do Brasil
Mais cedo, Brandonn Almeida havia nadado a final dos 400m medley e terminado no sétimo lugar, com 4min13s cravados. O brasileiro chegou a brigar pelo quinto lugar com o norte-americano Jay Litherland e o japonês Kosuke Hagino, mas acabou não conseguindo alcançá-los. De qualquer forma, é uma grande evolução para o garoto de 20 anos, 15º colocada na Rio-2016.
"Não foi o tempo que eu queria, mas cumprimos nosso objetivo para esse Mundial, que era estar nadando entre os melhores, estar na final. Foi uma experiência incrível, quero voltar. Queria ter nadado para o meu melhor, mas é minha melhor marca. Nos 400m medley, quem forçou de manhã é difícil melhorar a marca. É difícil dar duas pancadas. Quem está acima consegue descansar um pouco de manhã para dar tudo a tarde. Eu não, eu precisava dar tudo na classificação", comentou na zona mista.
A prova teve vitória do norte-americano Chase Kalisz, com 4min05s09, novo recorde do campeonato. O resultado é o segundo melhor da história em uma prova que foi dominada por Michael Phelps e Ryan Lochte durante muitos anos. O resultado, aliás, só não é melhor do que a marca feita por Phelps para ganhar o ouro em Pequim-2008, quando estava no auge.
Campanha – Assim, o Brasil encerra sua campanha em Budapeste com cinco medalhas na natação. Uma de ouro (Etiene nos 50m costas) e quatro de prata (revezamento 4x100m livre, João Gomes nos 50m peito, Nicholas Santos nos 50m borboleta e Bruno Fratus nos 50m livre). No Mundial de Esportes Aquáticos de forma geral, foram oito medalhas, porque Ana Marcela Cunha ganhou um ouro e dois bronzes nas maratonas aquáticas.
Com as finais feitas pelo 4x100m medley e por Brandonn Almeida, o Brasil fechou o Mundial com sete finais em provas olímpicas. Também alcançaram finais Guilherme Guido nos 100m costas, Cesar Cielo nos 50m livre e Marcelo Chierighini nos 100m livre, além dos medalhistas Fratus e 4x100m livre.
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
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Sobre o blog
Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.