Bruno Fratus repete prata do revezamento e é vice-campeão dos 50m livre; Cielo fica em 8º
Demétrio Vecchioli
29/07/2017 12h46
AFP
Há pelo menos seis anos, Bruno Fratus está entre os homens mais rápidos do mundo. Não há final de grande competição sem que o brasileiro esteja lá presente. Se não como grande favorito, nunca como azarão. Mas o brasileiro nunca se contentou com o papel de coadjuvante. Neste sábado, Fratus é o protagonista. Afinal, conquistou a medalha de prata nos 50m livre no Mundial de Budapeste, com o tempo de 21s27, seu recorde pessoal.
A medalha de ouro foi para o norte-americano Caeleb Dressel, novo astro da natação, que ganhou o ouro com 21s15. O bronze ficou com o britânico Benjamin Proud, com 21s43. Cesar Cielo amargou um oitavo lugar, com 21s83.
"Para mim acabou o pesadelo. Finalmente melhorei o tempo, na melhor competição da minha vida. É que o cara é um monstro (Caeleb Dressel). Gostaria de ter ganho, mas estou me sentindo muito bem com a medalha de prata", declarou Fratus ao "Sportv" na saída da piscina em Budapeste.
"Nadei o melhor que eu tinha, não tão rápido como em algumas vezes. O resultado não é o que eu gostaria, em relação ao tempo, mas a colocação faz parte. Estou feliz. Subir ao pódio, entrar na final dos 50 m livre de novo, é o que eu queria. Agora é continuar treinando, buscar minha fome de alguns anos atrás", afirmou Cielo ao "Sportv".
Fratus nasceu para ser estrela, como Cesar Cielo e Thiago Pereira, mas até agora os resultados e o fato de morar longe da imprensa e do público brasileiro pareciam impedi-lo de assumir esse papel. O segundo item continuará a ser assim – ele não pretende voltar dos Estados Unidos, onde mora com a esposa e treina em Auburn -, mas o primeiro tem tudo para mudar a partir da medalha deste sábado.
Até porque a final deste sábado foi entre os homens mais rápidos do mundo. Dos melhores da atualidade, nenhum ficou fora por lesão, ou por qualquer tipo de "ano sabático" – natural no pós-Olimpíada. Mesmo Cesar Cielo estava lá para assistir de perto ao feito de Fratus, a quem não vence nos 50m livre faz tempo.
Favoritismo – Depois de ter que lidar com dores crônicas nas costas durante toda a temporada passada e não conseguir medalha na Olimpíada do Rio (foi sexto nos 50m livre), Bruno Fratus não teve o contrato renovado pelo Pinheiros e foi substituído no clube pelo rival Cesar Cielo. Ele segurou o baque e conquistou o título do Troféu Maria Lenk, em maio, nadando pelo Internacional de Santos, clube que aceitou federá-lo.
Pagando do bolso, Fratus seguiu para a Europa, onde, em junho, correu o Circuito Mare Nostrum e nadou eventos importantes na Itália e na França. Ganhou todas as cinco provas de 50m livre nas quais se inscreveu, sempre nadando na casa de 21s7. Isso pesado, sem raspar. Os rivais entenderam o recado: Fratus poderia fazer muito mais no Mundial.
Mesmo em Budapeste, Fratus fez questão de passar novamente o recado. Encarou o gigante Nathan Adrian nos últimos 100 metros do revezamento 4x100m livre e quase deu um ouro inédito ao Brasil, garantindo a prata. Fez 21s51 nas eliminatórias dos 50m livre (foi o mais rápido entre 118 nadadores) e, na semifinal, apareceu barbudo para nadar. Novamente, queria passar um recado, o de que poderia ser ainda mais rápido quando assim quisesse.
A medalha é a segunda da carreira de Fratus, bronze em Kazan, em 2015. Já para a delegação brasileira, a medalha é a quinta neste Mundial, considerando apenas as provas de natação. Além da prata no revezamento, o Brasil foi vice-campeão com Nicholas Santos nos 50m borboleta e João Luiz Gomes Jr nos 50m peito. Etiene Medeiros ganhou o ouro nos 50m costas.
O Mundial acaba no domingo com mais uma boa chance de medalha para o Brasil, no revezamento 4x100m medley masculino, que deverá ter Guilherme Guido, Felipe Lima/João Luiz Gomes Jr, Henrique Martins e Marcelo Chierighini. Todos foram finalistas em provas individuais nos seus estilos.
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
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Sobre o blog
Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.