Vaias a Lula, craque da NBA e brilho de Marta: relembre 10 fatos do Pan
Demétrio Vecchioli
13/07/2017 04h00
Parece que o Pan de 2007 foi outro dia? Neste 13 de julho, na verdade, celebram-se 10 anos da cerimônia de abertura da competição. Para lembrar daquela competição, o Olhar Olímpico separou 10 fatos sobre o Rio-2007. Vale relembrar.
(Streeter Lecka/Getty Images)
1- Se no ano passado o revezamento da tocha olímpica durou três meses e meio, reunindo 12 mil carregadores, o revezamento da tocha do Pan foi bem mais modesta. Homenageando um país a cada passagem por grande cidade, a tocha percorreu todas as capitais do país num tour de 39 dias. O campeão olímpico Joaquim Cruz foi o responsável por acender a pira pan-americana.
(Jamil Bittar/Reuters)
2 – A cerimônia de abertura do Pan, aliás, aconteceu diante de 90 mil pessoas no Maracanã. A festa teve como diretora artística a carnavalesca Rosa Magalhães, então da Imperatriz. O presidente Lula esteve presente e foi alvo de uma sonora vaia quando teve nome anunciado. Mas nada que compare ao barulho das torcidas adversárias quando os apresentadores (Virna e Robson Caetano) resolveram perguntar quem torcia para Flamengo, Botafogo e Fluminense. Antes de chegar ao Vasco, eles notaram que havia sido uma má ideia.
Roy Hibbert jogou o Pan pelos EUA (Gregory Bull/AP)
3 – Como de costume, os americanos levaram um time não-profissional no basquete masculino. E deram um vexame histórico, ficando em último lugar num grupo que tinha Panamá, Uruguai e Argentina. E não era uma equipe fraca. Lá estavam Roy Hibbert (duas vezes All-Star, na foto), Joey Dorsey (ex-Rockets), DJ White, Kyle Weaver, Eric Maynor (todos ex-Thunder), Michael Beasley (foi do Bucks na temporada passada), Wayne Ellington (do Heat).
(Harry How/Getty Images)
4 – Aos 38 anos, Janeth fez sua despedida das quadras no Pan. Dezesseis anos depois de conquistar o ouro em Havana, no histórico time de Paula e Hortência, ela comandou a equipe que seria prata no Rio. Na despedida, foi aplaudida de pé pelo público que lotou a Arena da Barra e viu o Brasil perder para os EUA. "Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi", disse Janeth, na despedida, citando Roberto Carlos.
(Jeff Gross/Getty Images)
5 – Marta já era a melhor jogadora do mundo (fora eleita pela primeira vez em 2006) e vice-campeã olímpica quando o Brasil foi de fato descobri-la, aos 21 anos. Na Suécia desde os 18, ela nunca tinha tido contato com o público brasileiro, que se encantou com seu futebol no Pan. Marta, afinal, só não fez chover. Durante a campanha, sob o comando dela, o Brasil fez 33 gols (sendo 12 dela) e não sofreu nenhum. Na final, diante do Maracanã lotado, um histórico 5 a 0 sobre os EUA. "A Marta é o Pelé de saias", decretou, na ocasião, um tal Edson Arantes do Nascimento.
(Harry How/Getty Images)
6 – Esportivamente, Marta não sobrou no posto de sensação do Pan por causa de Thiago Pereira. Já considerado o melhor nadador brasileiro, depois de ser quinto nos 200m medley em Atenas e ganhar quatro medalhas no Mundial de Piscina Curta de 2004, Thiago mostrou toda sua versatilidade no Maria Lenk. Aos 21 anos, ganhou oito medalhas, sendo seis de ouro. A partir dali, ganharia o apelido de Mister Pan.
(Harry How/Getty Images)
7 – A intensa cobertura esportiva do Pan fez o grande pública conhecer alguns dos atletas mais importantes das últimas décadas. Nessa lista entram Fabiana Murer (o ouro do Pan foi sua primeira conquista relevante), Maurren Maggi (mostraria-se recuperada de um episódio de doping), Everton Lopes (prata aos 18 anos), Yane Marques (ouro aos 22), Erika Miranda (prata aos 20 anos), Mayra Aguiar (prata aos 16), Kaio Márcio (ganhou dois ouros aos 22) e Cesar Cielo (levou três provas, aos 21). Ana Marcela Cunha (aos 15), Fernando Reis Saraiva (aos 17).
(Rubens Cavallari/Folhapress)
8 – Sobre isso, vale um tópico especial para a ginástica. Foi no Pan do Rio que o Brasil se encantou pela primeira vez com o talento de Jade Barbosa. E não foi pouco. Jade havia acabado de completar 16 anos e chegava para reforçar um "dream team" que tinha Danielle Hypolito, Daiane dos Santos e Lais Silva. Sabendo desse poderio, os EUA mandaram ao Rio o que tinham de melhor, incluindo Shawn Johnson, que depois ganharia quatro medalhas nos Jogos de Pequim. As americanas ganhariam praticamente todas as medalhas possíveis, menos uma: o ouro no salto, que ficou com Jade. Meses depois, a carioca se tornaria a primeira (e até agora única) brasileira a ganhar uma medalha em Mundial no individual geral.
(Harry How/Getty Images)
9 – Apesar das lembranças de arenas lotadas para finais de esportes coletivos, o Pan do Rio não foi exatamente um sucesso de público. Dos 1,9 milhão de ingressos colocados à venda, apenas 1 milhão deles foram utilizados. E, desses, 300 mil foram na verdade distribuídos como "ingresso social". Ou seja: a venda total chegou a pouco mais de 700 mil.
(Harry How/Getty Images)
10 – Medalha com problema não é exclusividade da Olimpíada do Rio. No Pan isso também aconteceu, mas as reclamações não eram de medalhas descascando. Elas quebravam mesmo. É que elas eram feitas com uma borda de acrílico, que não era das mais resistentes. Danielle Zangrando e Tiago Camilo, ambos do judô, foram dois dos atletas que tiveram suas medalhas quebradas.
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.
Sobre o blog
Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.