Prefeitura do Rio volta atrás e diz que não vai transformar Arena do Futuro em escolas
Demétrio Vecchioli
14/06/2017 13h03
Imagem divulgada pelo Centro de Mídia do Rio
A apresentação do Plano de Legado Olímpico, nesta quarta-feira, no Velódromo do Rio, foi uma representação clara do que é a gestão dos equipamentos olímpicos. Nenhum representante do Governo do Estado apareceu, assim como o ministro do Esporte Leonardo Picciani, que ontem participou de dois eventos no Velódromo e hoje se ausentou diante da imprensa. Já a prefeitura do Rio finalmente verbalizou o problema: não tem como fazer a parte dela.
Representada pela subsecretária de Esporte, a ex-presidente do Flamengo Patrícia Amorim, a prefeitura finalmente avisou que não vai seguir o planejado e não irá transformar a Arena do Futuro em quatro escolas municipais. "Isso não vai acontecer. Não serão construídas quatro novas escolas. Não há recurso para isso", disse, taxativa.
A Arena do Futuro, que recebeu os jogos de handebol na Olimpíada e de goalball na Paraolimpíada, sempre foi exaltada como o grande exemplo do legado olímpico. Afinal, ela foi projetada para ser completamente desmontada e, depois, transformada em escolas. Mas os planos aos poucos foram sendo modificados, começando pela retirada do serviço de desmontagem do contrato entre a prefeitura e a construtora – com verbas do governo federal.
Depois, a desmontagem da Arena e a transformação dela em escolas entrou no escopo da licitação do Parque Olímpico, que terminou sem interessados. Ali, a prefeitura se comprometeu a gastar R$ 166,5 milhões para desmontar a Arena do Futuro e o Estádio Aquático e construir as quatro escolas. Só que o edital terminou sem interessados e Marcelo Crivella assumiu a prefeitura. Desde então, o projeto está parado. O Rio tem só até o dia 31 de julho para devolver o terreno limpo à Concessionária Rio Mais.
"A prefeitura vai negociar um prazo para não pagar multa. É responsabilidade da prefeitura desmontar a estrutura da piscina e a Arena do Futuro", lembrou Amorim, citando o Estádio Aquático, que também precisa ser desmontado até 31 de julho. "Nós desmontamos as piscinas, que estão com o Exército, ficando só o esqueleto. O equipamento esportivo foi preservado", argumentou.
Com relação ao Complexo Aquático, o projeto inicial era que ele fosse desmontado para depois ser transformado em dois parques aquáticos menores, em outras cidades. Depois, um edital foi lançado para que as duas piscinas fossem levadas a duas cidades (Salvador e Manaus) e o restante da estrutura se tornasse um ginásio, também a ser doado. Aparentemente, não houve interessados.
No jogo de empurra-empurra, a prefeitura diz que sua prioridade é "resolver o problema do desmonte". Ainda de acordo com Patrícia Amorim, não há recursos na Secretaria de Educação para construir novas escolas, da mesma forma que não há recursos para abrir o Parque Radical de Deodoro, que também está fechado.
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.
Sobre o blog
Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.