A temporada 2017 será a última do "Ranking Caixa CBAt de Corredores de Rua", que premia, com valor em dinheiro, bolsa e apoio logístico, os melhores corredores de rua do país. O novo contrato assinado entre a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e a Caixa Econômica Federal já não prevê que os 10 primeiros de 2017 recebam o benefício em 2018.

A questão não é financeira, mas estratégica. Com a medida, a CBAt quer evitar o que no atletismo é conhecido como bate-saco, numa referência aos pedintes dos trens de subúrbio do Rio. Para se manterem no esporte, atletas de elite correm provas de rua todo fim de semana, às vezes uma no sábado e outra no domingo, em busca de prêmios que não chegam a R$ 1 mil. De grão em grão, enchiam o papo. E o programa da CBAt e da Caixa estimulava esse tipo de atitude.

"Isso é ruim para o atleta em termos de resultado. Ele competindo todo fim de semana, ele não vai se desenvolver na pista. O Mo Farah não faz corrida de rua para ganhar dinheiro", argumenta Antônio Fernandes, o Toninho, presidente da CBAt.

No entender dele, o programa que a confederação e a Caixa financiam até este ano acaba prejudicando as provas de fundo do atletismo. "O atleta de 5 km e 10 km (medidas usuais nas provas de rua) pode participar na pista e brigar pelos mesmos prêmios oferecidos. Ele pode bater recorde dos 5.000m, dos 10.000m, da maratona, e receber sua premiação do mesmo modo que o atleta de pista recebe", explica.

No ano passado, o Brasil não conseguiu classificar nenhum atleta para as provas de 5.000m e 10.000m, as mais longas do atletismo de pista. Campeã do ranking de corrida de rua, Maria Regina Santos Seguins, por exemplo, participou de 18 das 19 provas que valiam pontos em 2016. No ranking nacional dos 10.000m, foi apenas a 12.ª colocada.