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Após conhecer o fundo do poço, basquete feminino projeta crescimento

Demétrio Vecchioli

29/05/2017 10h29

Final da LBF ficou lotada em Araraquara (João Pires/LBF)

Então técnico da seleção brasileira, Antônio Carlos Barbosa fez uma leitura realista sobre o momento do basquete feminino do Brasil às vésperas dos Jogos do Rio: a modalidade estava no fundo do posso. Mal sabia ele que o buraco era mais embaixo: a equipe dele perderia seus cinco jogos na Olimpíada, dando vexame. A partir dali, sim, não havia mais como piorar. E de fato, nove meses depois, as coisas parecem estar melhorando.

Depois de contar com apenas seis times nas suas últimas duas edições, a Liga de Basquete Feminino (LBF) trabalha com a possibilidade de ter 10 times na temporada que só vai começar em janeiro de 2018 (normalmente, ela tem início no último trimestre do ano). No mês passado, Marcio Cattaruzzi abdicou da presidência da entidade depois que os clubes aprovaram que o presidente da LBF não mais receberia salário. Ricardo Molina, gestor do time de Americana (SP), principal potência nacional, assumiu o cargo.

E, sob nova gestão, a LBF encerrou a parceria de dois anos com a Liga Nacional de Basquete (LNB), organizadora do NBB, o campeonato masculino – o colega Fábio Balassiano contou no blog dele. Durante esse período, a LBF utilizou-se da estrutura física da LNB, em São Paulo, dividiu pessoal e aproveitou-se do know-how do parceiro. Nos bastidores, na prática, foi a LNB que organizou as últimas duas edições da LBF. "A Liga Feminina não pode estar num segundo plano, tem que buscar seu espaço. É um entendimento do masculino também. Eles nos ajudaram bastante nesses dois anos. Agora é seguir a vida", diz Molina.

Foi essa gestão conjunta que permitiu à LBF conseguir um patrocínio de R$ 2,5 milhões por ano da Caixa Econômica Federal, até 2020. O dinheiro deve servir para manter uma nova sede em Americana, onde Molina tem uma corretora de seguros, e para bancar uma equipe enxuta, com não mais que seis funcionários. Para a próxima temporada, a promessa é que a liga arque ao menos com os custos de arbitragem e com o Jogo das Estrelas.

Por enquanto, Molina tem rodado o Brasil tentando convencer governos e clubes a formar times de basquete feminino.  Na semana passada, esteve no Flamengo para tentar seduzir o atual tetracampeão do NBB a montar também uma equipe de mulheres, que pode disputar o título com um investimento de R$ 1 milhões, cerca de seis vezes menos do que é gasto no time masculino.

Molina diz ter certeza que Blumenau (SC), Sampaio Corrêa (MA), Uninassau (PE), Presidente Venceslau (SP) e Santo André (SP) vão manter seus times, assim como o Americana, que agora será gerido pelo técnico Antônio Carlos Vendramini e deverá manter a parceria com o Corinthians. Catanduva (SP) deve voltar à LBF, assim como espera-se que São Bernardo (SP) e Jundiaí (SP) consigam patrocínio para inscrever seus times. No litoral, o Santos sonha em jogar, como o Olhar Olímpico conta aqui.

Ter 10 times, porém, pode causar um problema: falta de pessoal. A bola de neve na qual se meteu o basquete feminino brasileiro na última década reduziu drasticamente o número de jogadoras de alto rendimento no país – não mais do que 60, numa conta otimista. Para resolver isso, a solução deverá ser permitir mais estrangeiras por time: três (contra duas nas temporadas passadas). "O nível técnico ainda não é o ideal", admite Molina.

Há ainda o problema de calendário. Com exceção de uma segunda edição do Campeonato Paulista, marcada para agosto, não há torneios para os times jogarem até janeiro. O adiamento do início da LBF, porém, pode ajudar os clubes a contratarem atletas que hoje estão na WNBA, como Érika (titular do San Antonio Star), Damiris Dantas (destaque no início da temporada do Atlanta Dream) e Nádia Coalhado (banco do Indiana Fever). Clarissa teve o contrato suspenso pelo San Antonio Star após se machucar no fim da temporada europeia, quando foi MVP e campeã da Copa da França pelo Tango Bourges. Na Espanha, Érika foi campeã nacional pelo Avenida.

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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