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CBT acerta propaganda gratuita em troca de carros de luxo para diretoria

Demétrio Vecchioli

19/05/2017 04h00

Cristiano Andujar/divulgação

Em crise financeira e com dificuldades de fechar suas contas, a Confederação Brasileira de Tênis (CBT) anunciou nesta semana a Peugeot como patrocinadora. A montadora, porém, não vai colocar um real na entidade, nem ajudar os atletas, que farão propaganda gratuita. Quem vai sair ganhando com o acerto é a diretoria da CBT, que será beneficiada com três carros de luxo, para o presidente e dois vices.

No total, sete veículos serão cedidos pela Peugeot à CBT, em regime de comodato – depois de um ano, eles voltam a ser da montadora. Dois deles, ambos do modelo 2008, uma SUV, são, na verdade, peças de exposição. Ficarão expostos em pelo menos nove eventos realizados pela CBT nos próximos 12 meses, fazendo propaganda para a montadora.

Outros dois veículos são do modelo Partner, um utilitário, e serão utilizados no dia a dia da CBT. Juntos, esses dois carros custam, no preço de tabela, cerca de R$ 115 mil. A montadora ainda vai se responsabilizar pela manutenção desses carros 0km e pelos impostos.

Mas o maior valor relacionado a esse patrocínio é a cessão de três carros para o presidente e dois vice-presidentes da CBT, conforme o presidente Rafael Westrupp contou em entrevista publicada pelo site do Estadão. A Peugeot revelou ao Olhar Olímpico que serão três veículos do modelo 408, um sedan. Juntos, eles valem pelo menos R$ 250 mil – mais do dobro do valor dos veículos que serão utilizados pela CBT.

Em nota, a Peugeot disse que o formato do patrocínio e o pedido para que os carros fossem cedidos ao presidente e dois vices da CBT foi um pedido da própria entidade. "É um modelo tradicional de permuta, muito utilizado em patrocínios. A sugestão partiu da CBT, como uma forma de contar com a participação da Peugeot nos torneios", respondeu a montadora, que patrocinou a CBT até 2014 e agora retoma a parceria.

Em troca de ceder três carros à diretoria e dois à CBT, a Peugeot acertou o direito de fazer publicidade em todos os torneios realizados pela CBT, inclusive etapas da Copa Davis e da Fed Cup que vierem a ser realizadas no Brasil nos próximos 12 meses. Além disso, os carros da Peugeot ficarão expostos nos eventos da CBT com ativações dos concessionários locais. A montadora não detalhou se sua marca estará no uniforme dos jogadores.

Rafael Westrupp foi eleito em meados do ano passado e assumiu a presidência da CBT esse ano, levando a sede da entidade para Florianópolis, onde tem residência. A entidade tem um orçamento de R$ 8 milhões para 2017, mas sobrevive com R$ 2,3 milhões da Lei Piva e R$ 2 milhões do patrocínio dos Correios. Até o ano passado, a estatal pagava cerca de R$ 8 milhões ao ano. Em abril, a Folha revelou que a CBT cortou a bolsa que pagava mensalmente aos atletas, mas aumentou o salário do presidente, que recebe R$ 22 mil por mês.

O Olhar Olímpico procurou a CBT na manhã de anteontem e até a publicação dessa reportagem não obteve respostas. De acordo com a assessora de imprensa, só o presidente poderia passar informações e ele estaria fora do país. A CBT não respondeu, por exemplo, como foi definido o uso dos carros; por que os vice-presidentes precisam de carro oficial, se eles se dedicam em regime integral à CBT e se são assalariados; se os diretores hoje têm carro à disposição, se os carros ficarão em Florianópolis e se alguns dos carros poderá vir a ser utilizado por atletas.

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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