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Estádio em Deodoro vira 'elefante branco' e hóquei apela a campo sem vestiário

Demétrio Vecchioli

28/04/2017 04h00

(Buda Mendes/Getty Images)

Construído para o Pan de 2007 e reformado para a Olimpíada, o Centro Olímpico de Hóquei Sobre a Grama, em Deodoro, não recebe uma bolinha da hóquei desde o fim dos Jogos do Rio, há mais de oito meses. Em mais um jogo de empurra-empurra, Exército, Ministério do Esporte e Confederação Brasileira (CBHG) não falam a mesma língua. E os prejudicados, mais uma vez, são os atletas. Sem poder usar a estrutura construída para a modalidade, eles estão tendo que treinar e jogar em um campo desprovido de arquibancadas, vestiários, banheiros e até bebedouros. Na quarta-feira, o Olhar Olímpico mostrou que atletas do pentatlo também foram proibidos de utilizar o "legado olímpico" de Deodoro.

O Centro de Capacitação Física do Exército (CCFEx), responsável pela área, disse ao Olhar Olímpico que "não foi procurado oficialmente para disponibilizar as instalações para treino das equipes hóquei sobre grama". A versão não bate com a do Ministério do Esporte, que afirmou ao blog que a CBHG apresentou uma solicitação ao Comitê Técnico de Deodoro (formado pelo ministério e o Exército) e que o pleito foi encaminhado ao CCFEx. Os dois só concordam que é necessária a formalização de um instrumento legal, como um Acordo de Cooperação.

Procurada, a CBHG não respondeu aos e-mails. O blog, porém, teve acesso a um ofício emitido pela entidade em março às suas federações estaduais, na qual o presidente Bruno Patrício afirma que "o uso do Centro Olímpico (…) depende do pagamento das despesas de uso, manutenção e conservação" e que "em virtude dos altíssimos valores, a confederação somente irá assumir compromissos que tem condições de cumprir".

A instalação, que conta com dois campos de grama sintética, arquibancada para 2,5 mil pessoas e vestiários, só não ficou totalmente fechada desde a Olimpíada porque o Exército aceitou ceder o campo para a equipe de futebol americano do Fluminense treinar. Isso gerou revolta dos atletas de hóquei, uma vez que as chuteiras utilizadas na modalidade poderiam danificar o gramado. Com a reforma do campo das Laranjeiras, o Flu já deixou a área em Deodoro.

Com o Centro Olímpico fechado, as competições oficiais de hóquei estão sendo realizadas desde o ano passado nos dois campos construídos também com recursos do Ministério do Esporte na Universidade Federal do Rio (URFJ). Utilizados para treinamento durante o Rio-2016, eles são idênticos aos de Deodoro. Com a diferença de que não têm nenhuma estrutura adjacente. Assim, os atletas não têm acesso a banheiros, vestiários ou mesmo bebedouros. É lá que a seleção brasileira treina quando está reunida.

Os valores gastos com a reforma do Centro Olímpico de Hóquei Sobre a Grama nunca foram detalhados. A obra fez parte da licitação da região norte do Complexo Esportivo de Deodoro, num total de R$ 647,1 milhões. Já para na UFRJ foram investidos R$ 61,4 milhões, divididos entre os campos de hóquei e rúgbi e também em uma nova piscina olímpica.

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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