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Olhar Olímpico

UFC cresce no Brasil mesmo sem Globo e em 'entressafra' de ídolos

Demétrio Vecchioli

27/12/2019 04h00

Amanda Nunes com seus dois cinturões
Crédito: Andre Schiliro

Com só dois cinturões nas mãos de atletas brasileiros, ambos com Amanda Nunes, e fora da TV aberta desde o ano passado, o caminho natural seria o UFC se aproximar do seu tradicional nicho de fãs no Brasil. A maior franquia de MMA do mundo, porém, apostou no crescimento a partir da exploração de sua marca e de ações de engajamento, e comemora ter tido sucesso.

"Existe uma dependência no Brasil de ídolos em qualquer esporte. O UFC teve grandes ídolos, em 2011 e 2012 principalmente, e hoje está em uma entressafra. Mas, desde que a gente perdeu esses ídolos, a gente vem trabalhando muito marca, muito entretenimento, muito evento. Marca acima de tudo. O nicho está olhando no ídolo, enquanto o bolo maior, os novos fãs, eles são impactados pela marca, pelo que existe por trás do esporte com o qual ele se engaja", explica Daniel Mourão, diretor de marketing do UFC na América Latina.

Uma pesquisa divulgada em março pela IBOPE Repucom mostra que o Brasil tem 30 milhões de fãs de MMA. Os números foram apurados entre aqueles que afirmaram possuir "muito interesse" ou "interesse" na modalidade em uma pesquisa virtual feita pela empresa. Além disso, 40% dos 70 milhões de brasileiros que afirmam conhecer o MMA têm alto interesse no UFC.

Os números são sentidos pela franquia, que viu o número de seguidores continuar crescendo este ano. "As pessoas estão conhecendo cada vez mais o evento, estão entendendo que não é só o evento, que tem ativações em diversos outros momentos. Fizemos três eventos este ano no Brasil e todos soldout (com ingressos esgotados). Tivemos maior engajamento de marca e um aumento no número de fãs nas redes", conta.

A audiência dos eventos, porém, caiu de forma radical em 2019. A Globo optou por não renovar o contrato com a franquia e, por isso, deixou de exibir lutas em TV aberta. O contrato com a Globosat continua válido até 2022, o que faz com que os combates continuem sendo exibidos no pay-per-view e, os dois primeiros do card preliminar de cada evento, também no SporTV.

"Em termos de audiência, isso impacta, porque a TV aberta ajuda a aumentar o bolo. A Globo tem uma democratização na audiência que é enorme. Ela até agora nos ajudou muito, continua nos ajudando, falando das lutas no futebol, por exemplo", diz Mourão.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.