MP tenta impedir que Tijuca Tênis Clube seja transformado em shopping
O Ministério Publico do Rio de Janeiro entrou com ação civil pública para tentar impedir que parte da sede do Tijuca Tênis Clube, um dos maiores e mais tradicionais clubes poliesportivos do Rio, seja transformada em um shopping center. O contrato será discutido em assembleia extraordinária do Conselho Deliberativo do clube tijucano nesta terça-feira (10).
As discussões vêm desde 2013, segundo o Tijuca, quando uma empresa teria oferecido construir um centro comercial integrado ao TTC, como o clube é conhecido. Em 2017, de acordo com a diretoria, foi realizada uma concorrência entre "os maiores empreendedores de shoppings centers do país" para que fosse selecionado quem, como exclusividade, poderia realizar os estudos de visibilidade.
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O tema começou a criar polêmica em meados de dezembro do ano passado, quando uma reunião do Conselho Deliberativo foi convocada para "ratificar e deliberar" sobre a concessão dos imóveis que compões o TTC à BRMalls para "desenvolvimento e exploração de um empreendimento comercial". Um grupo de sócios se mobilizou contra a ideia e, entre o Natal e o Ano Novo, a diretoria recuou, cancelando a reunião.
Na ocasião, o presidente Hildo Magno da Silva, então recém-empossado, enviou uma carta aberta aos associados defendendo a obra. "Antes de ser implementado, o projeto final também deverá ser analisado e aprovado pelas autoridades competentes e pela empresa vencedora da concorrência, que realizou, até o momento, um aporte de R$ 3,2 milhões. Este valor foi utilizado para pagar despesas ordinárias do Tijuca", escreveu.
O tema ficou adormecido desde então, e voltou à tona agora que uma nova reunião foi convocada. Paulo Cesar Cinelli, presidente do Conselho Deliberativo, não soube explicar o motivo da demora. "Eles (a diretoria) acharam que era melhor agora", disse ao Olhar Olímpico.
Cinelli alega que não conhece detalhes do projeto, nem teve acesso a como foram gastos os R$ 3,2 milhões que teriam sido pagos pelo grupo BRMalls para ter a exclusividade na negociação. Segundo ele, só amanhã, durante a reunião, é que os conselheiros, inclusive ele, saberão exatamente qual é a proposta, que em tese englobaria o Edifício Leonardo Pereira e uma área onde hoje funcionam quadras de tênis e poliesportivas.
"Tinha uma comissão que negociava com o BRMalls. Eu não vi o contrato, mas em principio é bom para ambas as partes. O Conselho vai apreciar a proposta amanhã e vai dizer sim ou não. A parte de negociação é tudo com o conselho diretor. O deliberativo aprova ou não as propostas apresentadas. Mas não sou eu que vai ficar vendo, fazendo negociação", argumentou. Caso o Conselho aprove a proposta, ela será levada para votação da assembleia geral, formada pelos associados.
A 4ª Promotoria de Tutela Coletiva do Meio Ambiente e Patrimônio Cultural da Capital, porém, não quer pagar para ver. No último dia 29 de novembro, ajuizou uma ação civil pública na qual solicita que a Justiça condene o Tijuca a se abster de construir "qualquer projeto de empreendimento imobiliário com a construção de shopping center, centro comercial ou projeto similar dentro das instalações do clube".
Entre as alegações do MP-RJ estão os fatos de que o solo exposto do clube possui papel decisivo para a drenagem urbana da região, que a construção de um shopping afetaria duas estátuas de ferro tombadas e que parte do clube está dentro de Área de Proteção de Entorno de Bens Tombados, por estar em frente à Igreja Matriz Sagrados Corações. Por estatuto, o ginásio principal, o campo de futebol e parte das quadras precisam ser preservadas.
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