Cachorrão bateu 3 recordes em 4 dias e agora quer medalha olímpica
O Minas Tênis Clube se responsabilizou por uma parte dos custos, e o Comitê Olímpico do Brasil (COB) com outra. Mas, se quisesse passar três semanas na altitude de Flagstaff, no Arizona (EUA), Guilherme Costa teria que pagar do bolso as passagens. O Cachorrão, como é conhecido, fez as contas e valia a pena. Agora, colhe os frutos. Em quatro dias, bateu três recordes sul-americanos da natação, nos 400m, 800m e 1.500m livre e passou a considerar possível brigar por uma medalha olímpica.
O feito, histórico, aconteceu no US Open, torneio que fecha o ano na natação norte-americana. No Brasil também havia um campeonato nesta época do ano, o Torneio Open, que foi descontinuado em 2019 depois de ser esvaziado nas temporadas passadas. Mesmo assim, Cachorrão, de 21 anos, decidiu realizar uma janela de treinamentos e tentar corrigir o que deu errado nos últimos anos.
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Ele vem batendo recordes sul-americanos nas provas de fundo desde 2017, colocando-se como uma das grandes revelações da natação brasileira no ciclo. Mas nos dois grandes torneios que disputou, os Mundiais de 2017 e 2019, nadou muito abaixo do que se esperava dele.
"No Mundial deste ano, principalmente. Eu quis tentar coisas novas, que não deram certo. Descansei um pouquinho a mais do que o normal e passei do ponto, perdi muito condicionamento", reconhece o atleta carioca. Na natação, é usual que em preparação para grandes competições os nadadores façam períodos de treinamento intenso e depois tirem o pé nos dias antes do evento. Cachorrão descansou mais do que queria seu técnico, Rogério Karfunkelstein.
O treinamento nos EUA serviu para acertar a chamada periodização. Pela primeira vez o nadador treinou na altitude, que dá um ganho de condicionamento maior, notado quando o atleta "desce" para a competição. O treinamento saiu perfeito e Cachorrão bateu os recordes sul-americanos dos 800m (7min47s37, antes era 7min50s92, dele mesmo), dos 400m (3min46s57, ante 3:47.99 de Fernando Scheffer) e dos 1.500m (14min55s49, contra 14min59s01 dele mesmo).
As três marcas são melhores do que o índice olímpico, que só, para os brasileiros, só pode ser alcançado no Troféu Maria Lenk do ano que vem. "Eu desci [da altitude] pensando nisso. Eu sabia que seria difícil, porque não tinha tanto intervalo entre uma prova e outra, mas desci sabendo o que queria fazer. E ainda dá para ser melhor, porque o melhor desempenho vem mais uns dias depois de descer", explica.
Mas, mais importante do que bater os recordes foi reduzir a distância para os tempos daqueles que devem brigar por medalha em Tóquio. "Eu queia chegar perto dos tempos de final para depois começar a chegar perto dos tempos de medalha. Nos 800m antes eu estava a sete segundos. Agora estou a três, quatro", avalia.
Apesar do recorde nas três provas de fundo, algo incomum na natação brasileira, Cachorrão só deverá nadar duas provas na Olimpíada, que serão escolhidas após a seletiva. No Maria Lenk, a prioridade é fazer índice nos 400m livre logo no primeiro dia, e uma vez com passaporte carimbado para Tóquio e com menor responsabilidade, tentar o mesmo nas provas de fundo.
Também depois dos 400m livre, Cachorrão vai avaliar se estará em condições de nadar os 200m livre e tentar uma vaga no revezamento 4x200m. O planejamento dele é subir para a altitude antes do Maria Lenk, descer para nadar o Sul-Americano, e chegar à seletiva 20 dias depois da descida, no auge da forma física.
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