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Olhar Olímpico

Witzel nega ter desistido de F1 no Rio e estuda incentivos fiscais

Demétrio Vecchioli

21/11/2019 18h27

O governador Wilson Witzel negou, nesta quinta-feira (21), que tenha desistido de apoiar a realização do GP Brasil de Fórmula 1 no Rio de Janeiro. A informação foi publicada mais cedo pela Rádio Jovem Pan, que citou que os organizadores da categoria pediram estímulos e incentivos fiscais "difíceis de serem dados pelo governo".

"O governador Wilson Witzel (PSC) não desistiu de trazer a Fórmula 1 para o Rio de Janeiro e o Governo do Estado não retirou seu apoio ao projeto", informou a assessoria de imprensa do governador, em nota à imprensa no final da tarde.

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"Rio Motorpark, consórcio vencedor para a construção e exploração do Autódromo Parque de Deodoro, nunca solicitou ao governo do Estado do Rio de Janeiro qualquer tipo de incentivo fiscal ou apoio financeiro para sua construção", diz o governo, ressaltando que, mesmo assim, "está estudando a concessão de incentivos fiscais para a promoção do evento".

O Rio Motorpark, que negocia com a Liberty Media, proprietária da F1, os direitos de organizar o GP Brasil no Rio de Janeiro, teria oferecido US$ 35 milhões por ano pelo contrato. O consórcio não revela de onde sairia o dinheiro para construir o autódromo em Deodoro, nem quem pagaria pela corrida, argumentando que mantém em segredo a "fórmula do bolo".

Nos bastidores, porém, comenta-se que o dinheiro para pagar a taxa à Fórmula 1 sairia de incentivos fiscais municipais e estaduais. O Estado já tem uma Lei de Incentivo ao Esporte e à Cultura baseada na isenção de ICMS, que ajuda a bancar, por exemplo, o Rio Open de tênis.

No âmbito do Município, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) enviou projeto de lei à Câmara dos Vereadores para regulamentar a lei de incentivo sancionada no início do ano, de forma a permitir que empresas sejam proponentes de projetos que seriam financiadas com recursos do ISS.

Na nota enviada à imprensa, o governo do Rio ressalta que a obra do Autódromo de Deodoro é privada, com concessão de responsabilidade do município, e diz que "está reunindo todos os esforços para ajudar a trazer esse importante evento para o estado, além de procurar atrair novos eventos como a Fórmula E".

Ontem, em entrevista coletiva, Witzel falou sobre o interesse de realizar uma etapa da Fórmula E no Rio de Janeiro, dentro do Parque Olímpico da Barra. "A Fórmula E seria para um circuito ali na arena onde é o Rock In Rio, já tem um circuito pronto. Teria que fazer um investimento de R$ 35 milhões uma única vez. Esse circuito ficaria para ser utilizado em outras ocasiões também. O primeiro circuito seria em fevereiro de 2021 e eu estou trabalhando com a Caixa para conseguir aquele espaço com a prefeitura", explicou.

Uma corrida em fevereiro de 2021 chegou a ser negociada entre a Fórmula E e a prefeitura de São Paulo, mas esbarrou em problemas de datas – São Paulo não quer o evento coincidindo com o carnaval. O Ministério do Turismo chegou a levar para a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) a ideia de fazer a corrida dentro do gramado do Maracanã.

Agora surge a proposta de uma corrida no Parque Olímpico, em área que, na verdade, não pertence à prefeitura, mas à concessionária RioMais. A prefeitura controla apenas a Arena Carioca 3 e seu entorno. O Velódromo, o Centro Olímpico de Tênis e as Arenas Cariocas 1 e 2 são administradas pelo governo federal.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.