Prefeitura lança concessão de Interlagos e prevê contrato de R$ 1 bilhão
A prefeitura de São Paulo lançou hoje (6) o processo de concessão do autódromo de Interlagos. O modelo é semelhante ao utilizado para conceder o Complexo Esportivo do Pacaembu, com pagamento de uma outorga fixa, que a prefeitura calcula em R$ 198 milhões, e de uma outorga variável, calculada em R$ 177 milhões. Levando em consideração também a desoneração ao longo do contrato e investimentos previstos de R$ 466 milhões, a prefeitura diz que os benefícios econômicos chegariam a R$ 992 milhões em 35 anos. Durante 80 dias por ano o autódromo teria utilização preferencial por parte da prefeitura. O projeto prevê construção de shopping, hotéis e galpões.
O prefeito Bruno Covas, que está internado com embolia pulmonar, abriu a entrevista coletiva com um vídeo gravado no Hospital Sírio Libanês. "Mais uma excelente notícia. Vamos publicar o edital de concessão de Interlagos nos próximos dias. O benefício financeiro para aquele espaço passa de um bilhão de reais, fora que a prefeitura vai poder cuidar daquilo que é sua atividade essencial: educação, saúde, segurança, transporte. Não tenho a menor dúvida de que a cidade vai ganhar com isso e é mais um passo importante para a gente garantir a continuidade do Grande Prêmio aqui na cidade de São Paulo", disse Covas, na gravação.
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A privatização do autódromo era promessa de campanha de João Doria à prefeitura de São Paulo, em 2016. No ano seguinte, ele visitou o local durante o fim de semana do GP Brasil e afirmou que aquela corrida, em 2017, seria a última com o autódromo pertencendo à prefeitura. A promessa não foi cumprida.
O processo se arrasta desde outubro de 2017, quando Doria enviou à Câmara dos Vereadores um projeto de lei solicitando autorização do legislativo para "alienar" o Complexo de Interlagos, no qual está o autódromo José Carlos Pace e o Cartódromo Ayrton Senna. Naquele momento, o Plano Municipal de Desestatização previa que o terreno de 960 mil metros quadrados fosse vendido à iniciativa privada.
Em maio deste ano, porém, Covas enviou à Câmara um pedido de arquivamento daquele projeto, apresentando outro, de concessão, que acabou aprovado. Em julho foi aberto um Procedimento Preliminar de Manifestação de Interesse (PPMI), que recebeu propostas de três grupos ligados a administração de equipamentos esportivos, de uma empresa apresentada apenas pelo nome "Acelera BR" e de uma associação ligada à Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA). Nesta etapa, a prefeitura de São Paulo pediu ideias para a modelagem do edital de concessão de Interlagos.
Inicialmente a prefeitura havia estipulado como o final de julho como prazo para a apresentação de propostas. Os interessados avisaram que não havia como pensar um modelo em 30 dias e o prazo foi dobrado, até o último dia 26 de agosto. Cinco projetos foram protocolados, das seguintes empresas: Acelera BR, RNGD Consultoria e Negócios (administradora da Arena BSB), WPR Participações LTDA (WTorre) e T4F Entretenimento (Time Four Fun).
O quinto projeto (na verdade um apanhado de sugestões) é do grupo Interlagos Hoje, associação que reúne as confederações de automobilismo e motociclismo, a federação paulista, clubes, pilotos, escolas de pilotagem e empresários ligados ao setor de corridas. O grupo pede: prioridade para esporte motor, garantia de manutenção da pista, garantia de preços variáveis, reativação das áreas de uso público (transformação em parque), manutenção e preservação das áreas de mata nativa, permissão de exploração de áreas autorizadas, isenção de IPTU e shows se eventos apenas com uso intermitente.
Pela proposta apresentada hoje, o vencedor do futuro edital será quem apresentar a melhor proposta financeira em valor de outorga fixa. Ele poderá explorar não apenas o autódromo como outros empreendimentos que vier a construir, como hotel, shopping, e galpões comerciais e logísticos.
Sempre de acordo com a prefeitura, o edital vai exigir atestado de capacidade técnico-profissional, comprovando que o concorrente tem experiência como operador, gestor e estruturador de, no mínimo, uma prova oficial homologada pela FIA e/ou CBA ou FIM e/ou CBM realizada em Autódromo e/ou Kartódromo. Também será necessário atestado de capacidade técnico-operacional, comprovando ter explorado economicamente, gerido empreendimento multiuso ou realizado eventos com capacidade de atendimento de, no mínimo, 10.000 pessoas.
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