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Olhar Olímpico

'Solução' para o legado, Sesc se irrita com prefeitura e fecha unidade

Demétrio Vecchioli

29/10/2019 04h00

Há um ano e meio, o Olhar Olímpico noticiava que a prefeitura do Rio havia encontrado uma solução caseira para tornar acessíveis à população a Arena Carioca 3 e o Parque Radical de Deodoro: gerir os dois espaços em parceria com o Sesc, que montaria uma unidade em cada estrutura. O projeto, que previa investimentos de R$ 10 milhões, não durou nem um ano e foi rompido de forma unilateral pelo Sesc, que encerrou o atendimento a cerca de mil pessoas por mês.

O Sesc já vinha tendo desconfortos com a prefeitura, acentuados quando, em junho, o Parque Olímpico foi fechado para o início das preparações para o Games XP e para o Rock In Rio. No total, a estrutura ficou cerca de quatro meses sem poder receber público, enquanto o Serviço Social do Comércio continuava pagando seus funcionários. O plano era retomar os serviços na sexta (1), o que não vai acontecer.

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"As atividades do Sesc RJ foram suspensas no Parque Olímpico da Barra porque o local era, inúmeras vezes, destinado à realizações de eventos. Fato que prejudicou a continuidade das ações de esporte, educação, cultura e assistência realizadas, gratuitamente, pelo Sesc RJ na Arena 3. A última interrupção, por exemplo, foi de  quatro meses no total", explicou o Sesc, em nota ao blog.

A Subsecretaria do Legado Olímpico, comandada pela ex-presidente do Flamengo Patrícia Amorim, diz que foi pega de surpresa com a postura do parceiro com quem assinou protocolo de intenções em março do ano passado. Como não havia repasse de recursos, nunca foi assinado um contrato, mas um acordo de cooperação técnica.

"Quando a Prefeitura encaminhou formalmente para o Sesc a minuta de Acordo de Cooperação, o Sesc informou que não assinaria e que iria desmobilizar as atividades da Arena Carioca 3, devido ao longo período em que não pôde desenvolver suas ações, por conta dos eventos Game XP e Rock in Rio e também, porque segundo a instituição o SESC estaria sofrendo 'uma ameaça com iminente corte no orçamento a ser determinado pelo Governo Federal"', explicou a prefeitura, dizendo ainda que considera que a alegação "não é razoável, pois desde o inicio o Sesc era conhecedor do calendário de atividades e dos megaeventos".

No texto enviado ao Olhar Olímpico a prefeitura destaca que tem parceria com outros entes para ocupar a Arena 3 e que o Sesc continua a desenvolver atividade no Parque Radical de Deodoro. Os comerciários negam, afirmando que "avaliam a manutenção" do serviço. A prefeitura diz ainda que continuará oferecendo as atividades esportivas com as parcerias existentes e com profissionais da própria prefeitura.

 

Quando o projeto foi apresentado, o Sesc previa oferecer na Arena 3 aulas de tênis de mesa, vôlei, futsal, ginástica artística, luta, basquete, handebol e musculação, ações de assistência social e odontologia e aulas de inglês e espanhol.

Com o fim da parceria, os treinos da equipe masculina do Sesc-RJ, comandada por Giovane Gávio, também precisaram sair da Arena 3. Agora a equipe treina em uma estrutura dos militares lá perto, repetindo modelo que já funcionava para a equipe feminina.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.