São Paulo terá primeiras pistas de curling da América Latina
A cidade de São Paulo vai receber as três primeiras pistas oficiais de curling do país. A iniciativa da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG), com apoio financeiro da Federação Mundial de Curling (WCF, na sigla em inglês), será instalada em espaço nos fundos do hipermercado Extra Morumbi, na marginal do rio Pinheiros. Alugar uma pista por uma hora deve custar entre R$ 100 e R$ 200, dependendo do horário.
Considerado um "empreendimento privado de lazer", ele será gerido pela própria CBDG, que avalia que o risco do negócio é "super controlável", apesar do custo fixo mínimo de cerca R$ 150 mil. A confederação, que no ano passado recebeu R$ 1,5 milhão da Lei Agnelo/Piva e teve R$ 500 mil em receitas próprias, avalia que o local propicie um faturamento de ao menos R$ 5 milhões por ano, se atingir metade da ocupação prevista, de 10 mil pessoas por mês no complexo.
"Como todo negócio, ele tem um certo risco, mas é um risco super controlável pelo custo que a gente está colocando dentro do centro. A gente criou um modelo de forma que mesmo que tenhamos uma ocupação abaixo de 50%, a gente consegue pagar os custos", explica Matheus Figueiredo, presidente da CBDG.
Além das pistas, que deverão ser homologadas pela WCF para a realização de competições, o espaço também vai contar com uma pista de patinação no gelo de 500 m², que seria a maior do país – ainda assim, muito menor do que um ringue oficial de patinação artística ou de hóquei sobre o gelo. O "centro, nomeado "Arena Ice Brasil Morumbi" ainda vai contar com café e "sports bar" com telão, lojas, espaço kids (com temática de gelo/neve) e até food trucks no estacionamento.
Em movimento inédito neste século entre as confederações olímpicas, a CBDG vai gerir o espaço e assumir todos os riscos envolvidos, que incluem pendências trabalhistas a possibilidade de o negócio não ir para frente, gerando dívidas que a confederação hoje não tem. A construção das pistas de curling será paga pela WCF (cerca de R$ 1 milhão), mas sua manutenção não é barata, porque inclui refrigeração. Só o aluguel ao Grupo Pão de Açúcar vai custar cerca de R$ 40 mil ao mês.
Para poder construir o ringue de patinação, a confederação negociou cotas de investimento – são 25 de R$ 75 mil cada. Bar e café entre outros empreendimentos, serão geridos por "parceiros", que pagarão pelo espaço. O valor arrecadado com o aluguel das pistas de curling, do ringue de patinação e do coworking irá direto para os cofres da confederação. Ou de uma empresa específica.
"A gente tem duas linhas em que a gente pode atuar. Uma é operacionalizar dentro de um único CNPJ, pagando royalties para a confederação, e outra é ter todos os parceiros operando centros que hoje são rentáveis, loja, alimentação, pagando diretamente para a confederação. A gente só comerciaria produto esportivo, que é a atividade fim da confederação", explica o presidente da confederação.
O Brasil tem participado com regularidade dos Mundiais de Curling de duplas mistas e de equipes mistas, provas que são utilizadas pela WCF como forma de atrair países que não do Hemisfério Norte – as duplas mistas entraram no programa olímpico em 2018.
Os atletas brasileiros, cerca de 30, porém, não vivem no Brasil. Eles são, em sua enorme maioria, moradores de cidades canadenses, onde o curling é paixão nacional, opção de entretenimento e de prática esportiva para famílias e grupos de amigos.
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