Policial militar assume CBDA para sanear entidade e retomar credibilidade
A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) tem oficialmente um novo presidente, o quinto em três anos. Sub-comandante do Batalhão de Polícia de Radiopatrulha de Pernambuco, o policial militar Luiz Fernando Coelho foi eleito vice-presidente da confederação no início de 2017 e chegou à presidência no mês passado, depois que uma assembleia geral extraordinária destituiu Miguel Cagnoni, com quem estava rompido desde o ano passado. Ontem (10) a Federação Internacional de Natação (Fina) passou a reconhecê-lo como presidente, com mandato até fevereiro de 2021.
"Eu não sou político, sou um gestor. O político antes era o Miguel e agora é o Celso. Não dá para negar que o cargo caiu no meu colo, mas vou aplicar minha visão de gestão. Eu espero gerir a confederação como uma empresa", disse Coelho, como é conhecido, em entrevista por telefone ao Olhar Olímpico.
Policial militar da ativa, ele vai continuar servindo em Pernambuco, onde foi por oito anos membro da Casa Militar do Governo do Estado, atuando na segurança pessoal do ex-governador Eduardo Campos, morto em acidente aéreo – por ser um evento de campanha, Coelho não o acompanhava naquele dia.
O dia-a-dia da CBDA será gerido por um grupo de "mais de 10 voluntários", entre eles Renato Cordani, que volta à confederação como diretor geral de Esporte, Celso Oliveira, presidente da federação do Rio e líder do grupo político que derrubou Miguel da presidência, e Eduardo Fisher, ex-nadador, um dos últimos a abandonar o barco de Miguel e um dos primeiros a se sentar no de Coelho.
"Estar em Pernambuco hoje em dia não é nenhum empecilho. Do mesmo jeito que estou falando com você pelo telefone, sem você precisar estar aqui, posso também fazer reuniões por teleconferência. Vou vir ao Rio frequentemente e tenho um staff altamente competente", conta.
Coelho assume uma confederação quebrada e quase sem poder. Com R$ 8 milhões de dívidas com o COB, parte por má-gestão de Coaracy Nunes, parte por má-gestão de Miguel, a CBDA não tem acesso a recursos da Lei Agnelo/Piva. Até existe algum dinheiro para realizar competições e levar atletas para competir fora, mas quem organiza tudo e faz as contratações é o COB.
"Todas as tratativas com relação à seleção brasileira das cinco modalidade já está devidamente alinhado com conselho técnico e com o COB. A gente não pode deixar respingar uma questão de gerência de finanças na parte esportiva", diz Coelho, que foi presidente da Federação Aquática de Pernambuco.
Por supostas irregularidades cometidas na gestão Miguel, a CBDA não só não renovou contrato com os Correios como foi multada em R$ 2 milhões pela antiga patrocinadora. O único dinheiro que pinga regularmente na confederação é da Globosat, referente a uma parte do que a emissora paga à Fina pelo direito de transmitir competições internacionais.
Mas mesmo esse dinheiro está comprometido, porque a gestão Miguel pediu adiantamento no começo do ano. Hoje o que entra na confederação só dá para pagar 11 funcionários e dívidas trabalhistas reconhecidas. Empresas credoras da CBDA não estão recebendo e não deverão receber até janeiro, quando o dinheiro da Globo volta a entrar sem reduções.
Na semana que vem, Coelho deve conceder entrevista coletiva para tratar da dívida da confederação, que ainda está sendo apurada. Ali ele também deve falar mais detalhadamente sobre as soluções. "A palavra de ordem é serenidade nas ações e sanear, porque com isso eu ganho credibilidade. Se eu ganho credibilidade eu atraio parceiros e consigo dar melhores condições para os esportes aquáticos", avalia.
Faltando dez meses para os Jogos de Tóquio, o novo presidente da CBDA defende que a entidade se preocupe em "sanear" os problemas até a próxima Olimpíada para começar o novo ciclo com mais tranquilidade. "Tudo que foi bem feito, que foi mal feito, se conseguiu esse objetivo, isso já passou nesse calendário olímpico. Precisamos sanear tudo agora para poder respirar depois".
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