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Olhar Olímpico

Rodrigo Pessoa encerra ciclo com Irlanda e vai tentar Tóquio com o Brasil

Demétrio Vecchioli

15/09/2019 04h00

Rodrigo Pessoa (REUTERS/Mike Hutchings)

O mais vitorioso ginete brasileiro de todos os tempos estará à disposição do Brasil para disputar mais uma Olimpíada, que seria sua sétima. Treinador da seleção da Irlanda desde julho de 2017, Rodrigo Pessoa ficará no cargo apenas até novembro. Já está decidido que ele não vai renovar o contrato como treinador para se dedicar a obter uma vaga para defender o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

"O meu contrato se encerra agora no dia 31 de outubro e não será renovado. Pode ser até que eu continue como consultor da federação irlandesa, ou alguma coisa assim, mas eu vou deixar de ser o treinador", contou Rodrigo Pessoa, ao Olhar Olímpico, pelo telefone.

Depois de começar seu primeiro trabalho como treinador-chefe de uma equipe com o título europeu de 2017, o brasileiro viu a Irlanda falhar na tentativa de se classificar para Tóquio pelo Mundial do ano passado, e, agora em agosto, pelo Campeonato Europeu. Só existe mais uma vaga em jogo, pela Copa das Nações, em outubro. Passando o evento, ele deixa o cargo e se concentra apenas em saltar.

Aos 47 anos, Rodrigo nunca parou de competir, mas só recentemente voltou a saltar em nível "olímpico". No hipismo, os resultados são do conjunto. Não basta o inegável talento do campeão olímpico, é necessário também um cavalo de ponta. E ele só voltou a saltar com um animal assim em maio, com Quality Fz, de 10 anos.

Em agosto, o conjunto já fez um sétimo lugar em um torneio de cinco estrelas em Dinard, na França, mostrando potencial. "Agora, ele está tendo um mês de férias para voltar com tudo para a próxima temporada", diz o brasileiro. Como o limite de registro de animais para a Olimpíada vence em dezembro, Rodrigo Pessoa tem a garantia de que o cavalo estará ao seu dispor para Tóquio.

Caso consiga a vaga na equipe, Rodrigo Pessoa disputará sua sétima Olimpíada. Convocado para ser reserva na Rio-2016, ele rompeu com o então técnico da equipe brasileira, o veterano norte-americano George Morris, e recusou o posto. Foi à Olimpíada apenas como comentarista da TV francesa e torcedor.

Três anos depois, o campeão olímpico de 2004 está novamente em paz com a Confederação Brasileira de Hipismo (CBH), que trocou de presidente. Saiu Luiz Roberto Giugni e entrou Ronaldo Bittencourt. O treinador também foi trocado: saiu Morris, entrou o suíço Philippe Guerdat, campeão pela França na Rio-2016.

"Foi um desastre aquela gestão, um desastre. Agora a gente volta a ter um treinador de verdade, um coordenador de verdade. A gente tem de novo um treinador que é imparcial. Os resultados já estão aparecendo. Em dois anos a gente já pode ver que as coisas estão melhorando", avalia.

O Brasil tem sua equipe garantida na Olimpíada de Tóquio depois de vencer os Jogos Pan-Americanos de Lima com um time formado por Marlon Zanotelli (também ouro no individual), Eduardo Menezes, Rodrigo Lambre e Pedro Veniss. Além deles, o país também tem Yuri Mansur e Pedro Muylaert competindo com regularidade em eventos de ponta no exterior.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.