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Olhar Olímpico

Brasileiro vai do aeroporto para o mar, surfa de jeans e vence no Mundial

Demétrio Vecchioli

10/09/2019 13h43

Por oito minutos Ítalo Ferreira não atravessou o mundo à toa. Um dos favoritos ao título dos Jogos Mundiais de Surfe, o brasileiro chegou à praia de Miyazaki (Japão) quando sua bateria já havia começado. No tudo ou nada, entrou no mar com uma prancha emprestada e de bermuda jeans. Mesmo assim, conseguiu a vitória que o fez continuar na competição.

"Do aeroporto direto para a bateria. Uma das coisas mais loucas que já fiz", escreveu o Ítalo Ferreira no Instagram, contando sua saga. "Direto do aeroporto, de bermuda jeans, com prancha emprestada, faltando menos de 9 minutos para acabar e com a prioridade 4", detalhou.

Ítalo, que é o sexto no ranking do circuito mundial WSL, teve seu passaporte furtado de dentro de um carro na terça-feira da semana passada em Santa Mônica, nos Estados Unidos, de onde viajaria para o Japão. Mas ele não poderia simplesmente deixar de ir para o torneio, conhecido como ISA Games (ISA é a federação internacional de surfe amador), porque a entidade estipulou que a participação é obrigatória para quem quer ir aos Jogos Olímpicos de Tóquio.

O brasileiro então correu para fazer outro passaporte, obter o visto e viajar ao Japão, saga que ele só conseguiu concluir nesta terça-feira (10). Cumprindo o cronograma, porém, a organização começou a sexta bateria mesmo sem ele. Quando faltavam cerca de 10 minutos, Ítalo enfim chegou à praia, encontrando Felipe Toledo ainda na areia, depois de ganhar a segunda bateria. Rapidamente colocou a camiseta da competição e, sem trocar o shorts, entrou na água.

Com uma nota 8,88 na última onda, Ítalo somou 13,46 pontos, ficando à frente de Leandro Usuña, da Argentina (12,60), do mexicano Dylan Southworth (11,34) e do norueguês Frode Goa (3,13). Gabriel Medina, que também representa o Brasil no Mundial, estreia na quarta.

No feminino a competição já acabou, com medalha para o Brasil. Silvana Lima, que é só a número 13 do ranking da WSL, terminou na segunda colocação, derrotada na final pela peruana Sofia Mulanovich, que desde 2013 não disputa o circuito profissional. Líder do ranking da WSL, a norte-americana Carissa Moore ficou só em quarto. Outra brasileira destaque, Tatiana Weston-Webb, que é a oitava do mundo, parou na última rodada antes da final, em sexto.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.