Paulo André Camilo quebra barreira dos 10s, mas tempo não vale como recorde
Paulo André Camilo se tornou nesta quinta-feira (29) o primeiro brasileiro a correr abaixo dos 10 segundos nos 100 metros rasos, prova mais rápida do atletismo. Ele venceu o Troféu Brasil em Bragança Paulista (SP) com 9s90, mas a marca não vale como recorde, porque o vento positivo estava acima de 2 metros/segundo, em 3,6 m/s. Fosse válido, o tempo seria o quinto do ranking mundial.
A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) chegou a alterar o local da largada da prova, para acontecer na reta oposta do estádio, para fugir do vento contrário na reta principal. Tudo para sair o recorde. Minutos depois, a final feminina foi com vento de 1,6 m/s, dentro do limite, permitindo a Rosângela Santos fazer índice para o Mundial de Doha.
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De qualquer forma, fica a certeza que o sub10, o primeiro da América do Sul, sai mais cedo ou mais tarde. Paulo André estava cansado depois de largar a semifinal à tarde. Além disso, duas vezes a largada da final foi queimada, o que tirou energia dos competidores e deixou a prova para um momento de vento forte.
"Muito feliz. Nada é por acaso. O primeiro nove tem que ser respeitado. A primeira vez que um homem corre abaixo de 10 no Brasil, mas é só o começo. Todos os meninos têm condições. Eu vim para ficar, rapaziada, e daqui para frente vou fazer abaixo de 10 muitas vezes ainda", disse o sempre simpático Paulo André, depois da prova.
Durante a corrida era possível notar que Paulo André foi muito mais rápido do que o atletismo brasileiro está acostumado. Mal cruzou a linha de chegada, ele foi correndo até cronômetro para saber o tempo, mas descobriu que o vento estava acima do permitido para aferição de recordes.
Com vento de 2,1 m/s e soltando muito nos metros finais, Paulo André já havia feito 10s08 na primeira semifinal. Na outra, Vitor Hugo Silva dos Santos registrou 10s07, com vento de 1,6 m/s, estabelecendo índice para o Mundial depois de dois anos fora da seleção brasileira por lesão. Na final, porém, ele fez 10s12, contra 10s10 do medalhista de prata Derick de Souza, que repetiu o melhor tempo da carreira.
Até hoje o recorde brasileiro é de Robson Caetano, que fez 10s00 na Cidade do México, em 1988. Paulo André tem 10s02 de uma competição nos Estados Unidos em abril. Vitor Hugo agora é o quarto brasileiro da história, atrás de André Domingos. Derick agora é o oitavo.
Rosângela vai ao Mundial
"Quem achou que eu fosse para Doha só para o revezamento estava muito enganado". A noite foi um prato cheio para Rosângela Santos mostrar toda sua marra. Depois de disputar só as provas de revezamento no Pan, a medalhista olímpica não só venceu a final dos 100m rasos feminino como enfim fez índice para o Mundial de Doha, no mês que vem. Há dois anos, em Londres, ela foi finalista dessa prova no Mundial depois de fazer 10s91 na semifinal, recorde sul-americano.
Aproveitando o vento de 1,6 m/s em Bragança nesta quinta, Rosângela fez o tempo de 11s23, segundo melhor do país no ano. Líder do ranking, Vitória Rosa foi segunda colocada na sua série semifinal, depois de uma largada muito ruim, e optou por não correr a final. Ela tem 11s16 no ano e foi prata no Pan.
A CBAt ainda não divulgou, mas já definiu que vai adotar os índices internacionais para a Olimpíada de Tóquio. Nos 100m, os tempos mínimos exigidos são 10s05 no masculino e 11s15 no feminino. A janela vai de 1º de maio de 2019 até 29 de junho de 2020.
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