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Olhar Olímpico

Presidente da confederação de natação deverá ser afastado em meio ao Pan

Demétrio Vecchioli

29/07/2019 21h36

Miguel Cagnoni deverá ser afastado do cargo de presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) na terça-feira. Ele foi convocado para uma reunião no qual os presidentes de pelo menos uma dezena de federações, as mais importantes do país, exigirão seu afastamento. Sem força política e fragilizado física e psicologicamente, ele deverá entregar o cargo.

Nesta segunda (29), Cagnoni, que foi eleito para o cargo em 2017, disse à Veja que já não tem a ver com os problemas da confederação, porque está afastado do posto. Se está, a informação ainda não é conhecida por ninguém. Nem pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), nem pelos atletas, nem pelos presidentes de federações.

Durante a participação do Brasil no Mundial de Esportes Aquáticos na Coreia do Sul, a empresa que cuida do site e da apuração de resultados da CBDA há muitos anos enviou carta à comunidade para informar que desligaria o sistema, porque não recebe pagamentos há sete meses. Miguel pediu que a empresa esperasse até o fim do Mundial, que aconteceu no domingo.

Na quarta-feira, ele deveria participar de uma reunião em São Paulo pela manhã. À tarde, os presidentes têm convocada outro encontro, somente entre eles. Devem decidir os rumos de uma confederação à deriva. O pernambucano Luiz Fernando Coelho de Oliveira, assume o cargo por estatuto.

A confederação vive há meses no escuro. Fechou sua sede, para economizar dinheiro, e trabalha em um pequeno escritório na federação do Rio, onde só cabem três computadores. Por falta de pagamento, a assessoria de imprensa parou de trabalhar. O CEO contratado no primeiro semestre ficou um mês no cargo e pediu demissão por não conseguir executar o que propunha. Não se sabe quem ocupou seu lugar.

Ricardo Prado chegou a anunciar para funcionários da confederação que passaria a exercer essa função, mas não se conhece nenhum documento que o nomeie. Presidentes de federações criticam exatamente essa falta de transparência, que fez Miguel perder seu maior aliado, o ex-diretor Renato Cordani. Eles ficaram sabendo pela imprensa, por exemplo, que os Correios impuseram uma multa de R$ 2 milhões à confederação por má gestão dos recursos repassados.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.