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Olhar Olímpico

Brasileira Nathalie Moellhausen é campeã mundial de esgrima

Demétrio Vecchioli

18/07/2019 15h22

Nathalie Moellhausen (Flavio Florido/Exemplus/COB)

Nathalie Moellhausen alcançou nesta quinta-feira (18) o maior feito da história da esgrima no Brasil e um dos mais importantes resultados do país neste ciclo olímpico. Em Budapeste, na Hungria, a atleta de 33 anos nascida na Itália tornou-se não só a primeira brasileira a ganhar uma medalha em um Mundial de Esgrima, na espada feminina, como foi mais além: faturou uma inédita medalha de ouro.

O título veio com vitória na final sobre a chinesa Sheng Lin, número 13 do ranking mundial e recentemente vice-campeã asiática. A brasileira, uma das mais experientes do mundo na esgrima, atualmente ocupa a 22ª colocação. Nas últimas duas participações em Mundiais, ela havia ficado em 18º (2017) e 59º (2018) lugares. Após a conquista desta noite na Hungria, chorou copiosamente, abraçada à delegação brasileira. 

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Ainda que a medalha seja a primeira da história da esgrima brasileira em Mundiais, ela é a quarta de Nathalie. Nascida em Milão e formada na Itália, país com enorme tradição na modalidade, ela foi bronze na espada individual em 2010 e foi ao pódio por equipes em 2009 (ouro) e 2011 (bronze), sempre pela Itália. Nos Jogos de Londres-2012, porém, não foi escalada para competir na disputa individual e entendeu que seu ciclo com a Itália estava encerrado. 

Depois de uma temporada em inatividade em 2013, fazendo especialização na França, e resolveu se oferecer para competir pelo Brasil, mesmo treinando na França. Neta de brasileiros e com cidadania brasileira desde nascença, ela não teve problemas para se naturalizar esportivamente, contando inclusive com a liberação da federação italiana. Em 2015, chegou a ganhar duas medalhas nos Jogos Pan-Americanos e foi até as quartas de final dos Jogos Olímpicos do Rio, ficando a uma vitória da medalha.

O pódio tão sonhado veio no Mundial. Depois de passar invicta pela fase de poule, na qual cada esgrimista faz sete confrontos, a brasileira virou cabeça de chave do mata-mata. Nesta quinta, ela venceu a polonesa Renata  Knapik-Miazga, a chinesa Mingye Zhu e a italiana Alberta Santuccio até as oitavas de final. Nas quartas, contou com a ajuda do árbitro de vídeo para superar a luxemburguesa Lis Rottler-Fautsch.

O duelo terminou empatado em 10 a 10 e foi para o golden score, no qual quem pontuar primeiro vence. Faltando 15 segundos, a luxemburguesa comemorou a vitória, enquanto o técnico da brasileira pedia para ela ter calma porque o vídeo mostraria que não. De fato, as duas conseguiram o toque ao mesmo tempo, o que significaria dois pontos para cada num confronto normal, mas que nada muda o resultado do golden score. Faltando cerca de cinco segundos, Nathalie conseguiu a vitória desta vez com um toque incontestável.

Na semifinal, contra Wai Vivian Kong, de Hong Kong, Nathalie conseguiu uma vitória relativamente fácil, por 15 a 11, sem ter sua vitória ameaçada em nenhum momento. Já na final, contra Lin, a brasileira chegou a abrir 4 a 1, mas permitiu a virada por 7 a 5. Na reta final do segundo tempo, Nathalie voltou à frente, com 7 a 8.

O último tempo (de 3 minutos) começou foi tenso, com quatro toques duplos, em que ambas acertam o golpe ao mesmo tempo e pontuam. A chinesa, porém, conseguiu um ponto a mais, a um minuto do fim da luta, que terminou empatada em 12 a 12. O confronto foi para o golden score e Nathalie não demorou a pontuar. Depois de 19 segundos, o ouro era dela.

Nathalie está convocada para os Jogos Pan-Americanos de Lima, onde vai defender as medalhas de bronze obtidas no Pan de 2015, em Toronto, e no Campeonato Pan-Americano deste ano, disputado também em Toronto, há 20 dias. Na temporada, ela também já ganhou uma medalha de bronze no Circuito Mundial, na Copa do Mundo de Chengdu, na China, em março.

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.