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Olhar Olímpico

'Novo' Pacaembu terá arquibancadas provisórias e espaço para UFC

Demétrio Vecchioli

15/07/2019 12h00

No novo Pacaembu, arquibancadas provisórias seriam construídas em cima da esplanada (divulgação)

Quando o Estádio do Pacaembu ficar do jeito que planeja o Consórcio Patrimônio SP, vencedor do edital aberto pela prefeitura de São Paulo, o Tobogã não vai mais existir. No seu lugar terá sido construída uma esplanada de 3 mil metros quadrados que será a ligação entre o campo de futebol e o prédio comercial. Mas isso não significa que os torcedores deixarão de assistir aos jogos por trás do gol.

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O plano do consórcio, que pediu mais de 60 dias para assinar o contrato com a prefeitura, é que sobre a esplanada sejam instaladas arquibancadas provisórias nos jogos com maior demanda de público, exatamente onde hoje fica o Tobogã. Isso daria ao estádio entre 5 e 6 mil assentos em arquibancadas tubulares, como aquelas montadas na Arena Corinthians durante a Copa do Mundo. Sem o Tobogã, o estádio terá 26 mil lugares fixos.

Cabeça do consórcio, a construtora Progen, sócia da Savona Fundos de Investimentos, tem expertise em estruturas provisórias, tendo montado e gerido instalações olímpicas da Rio-2016. Nos Jogos Pan-Americanos de Lima, que começam na semana que vem, 10 locais de competições estão sendo montados pela empresa. 

O consórcio já está sendo procurado por grandes clubes que querem resolver o quanto antes o problema da iluminação do estádio, que é inferior ao mínimo exigido para a CBF para jogos do Brasileirão. Enquanto o estádio não é concedido, a prefeitura não permite qualquer reforma no complexo, nem sendo paga por terceiros, sob o risco inviabilizar juridicamente a concessão. O preço que será pago pelo consórcio (R$ 111 milhões de outorga fixa pelo complexo, um ágio de R$ 74 milhões sobre o lance mínimo), afinal, é por um Pacaembu com iluminação antiga. 

O plano comercial do consórcio inclui um mínimo de 15 jogos de futebol por ano no estádio. Mas Eduardo Barella, CEO do consórcio e da Progen, acredita que o número de partidas será muito maior. Essa conta inclui não apenas os jogos que interessam ao consórcio por estratégia comercial (o valor do aluguel), mas também aqueles em que o intuito é movimentar o complexo.

Barella aponta a final da Taça das Favelas como exemplo de partida que ele faz questão que aconteça no Pacaembu, como aconteceu este ano. Outros jogos menores também devem passar pelo estádio, com o intuito de movimentar o complexo esportivo. A meta do Patrimônio SP é que cerca de 5 mil pessoas passem pelo local todos os dias. Uma vez que o custo de operação será fixo, cada novo frequentador interessa ao consórcio.

A aposta dos futuros novos donos do Pacaembu é aproveitar a proximidade com diversas faculdades particulares (PUC, FAAP, Mackenzie) para tornar o complexo um polo de tecnologia. O prédio comercial terá um andar que poderá ser locado para pequenas empresas do ramo ou para uma grande marca de economia criativa. Haverá ainda espaço para coworking, restaurantes e bares.

A piscina e a pista de atletismo seguirão abertas e gratuitas nos horários possíveis (elas fecham nos horários próximos aos dos jogos). Com o aumento do número de frequentadores diários no complexo, a tendência é que a piscina fique saturada no verão. Aí, a prioridade será de quem chegar primeiro. As quadras de tênis e o ginásio continuarão a serem alugados, como já ocorre hoje.

O consórcio não pretende bater de frente com os moradores do entorno e não planeja realizar shows na área aberta do estádio, nem de pequeno porte. Mas, nos cinco andares que estarão debaixo do prédio comercial, no subsolo, será construído um centro de convenções com capacidade para até 5 mil pessoas. Uma das metas do Patrimônio SP é que o espaço receba eventos como o UFC.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.