Topo

Olhar Olímpico

Melhor ginasta do Brasil hoje, Rebeca sofre 3ª lesão de joelho e perde Pan

Demétrio Vecchioli

08/06/2019 21h03

Rebeca Andrade (Ricardo bufolin/CBG)

Melhor ginasta do Brasil na atualidade e fortíssima candidata ao posto de segunda melhor do mundo, Rebeca Andrade terá que ser submetida a sua terceira cirurgia no mesmo joelho em apenas quatro anos. Na sexta-feira (7), durante a apresentação de solo no Campeonato Brasileiro, ela torceu o joelho direito. Neste sábado (8), veio a confirmação de que ela teve uma lesão no ligamento cruzado anterior. É a terceira vez que lesiona o mesmo local.

Isso significa que ela terá que ficar afastada das competições por pelo menos oito meses. Não poderá disputar os Jogos Pan-Americanos, em Lima (Peru), que começam em 26 de julho, e o Mundial de Stuttgart (Alemanha), em outubro. A torcida será por um retorno em alto nível a tempo dos Jogos Olímpicos de Tóquio (Japão), no meio de 2020. Em boa forma, ela seria favorita a pelo menos três medalhas olímpicas, brigando por outras duas.

"Após sofrer a entorse, ela foi submetida a testes clínicos e a uma ressonância magnética, que demonstraram uma lesão do ligamento cruzado anterior. Ela vai necessitar passar por um procedimento cirúrgico e a equipe técnica, junto com a equipe médica, estão programando seu retorno aos treinamentos em cerca de seis meses e competições ao redor de oito meses", afirmou Rodrigo Sasson, médico do Comitê Olímpico do Brasil (COB)

Rebeca passou pela primeira cirurgia da carreira em 2015, quando rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito durante um treino para os Jogos Pan-Americanos de Toronto. Ela até voltou a tempo de disputar a Olimpíada do Rio, mas não estava na melhor forma. Depois, em 2017, rompeu novamente o ligamento cruzado anterior do mesmo joelho no treino de pódio do Mundial de Montreal, já no Canadá. 

O baque é gigantesco para uma ginasta que, em potencial, só não é a melhor do mundo porque à frente dela existe Simone Biles. Mas que, até agora, aos 20 anos, ainda não conseguiu um grande resultado, sempre prejudicada por lesões.

Em boa forma física desde o fim do ano passado, Rebeca vinha competindo em altíssimo nível. Em uma competição por equipes em Stuttgart, em março, ela somou 56,932 pontos nos quatro aparelhos. Com esse resultado, ela faturaria, com folga, a prata no Mundial do ano passado no individual geral, só atrás de Biles.

Só naquela competição na Alemanha, Rebeca ainda obteve notas que valeriam para ela, no Mundial passado, prata no salto e no solo, quarto lugar nas barras assimétricas e quinto lugar na trave.

"Rebeca Andrade é uma das ginastas de maior nível técnico internacional atualmente. Por isso, o grau de dificuldades que ela executa em suas séries é muito grande. Muitas lesões ocorrem nestas condições e ela se machucou por estar tentando fazer o seu melhor. Estamos muito confiantes de que ela voltará a competir no mesmo estágio em que se encontra", ressaltou  Valeri Liukin, treinador-chefe da seleção.

Com Rebeca longe de estar 100% fisicamente, o Brasil foi sétimo colocado por equipes no Mundial do ano passado. Com ela em grande forma, a expectativa era brigar por uma medalha inédita em Stuttgart. Agora, o Brasil não terá sua melhor ginasta na missão de terminar entre as nove primeiras equipes do Mundial para garantir vaga em Tóquio-2020.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.