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Olhar Olímpico

Organizadores erram medição e maratona ganha 460 metros a mais

Demétrio Vecchioli

06/05/2019 13h20

Joel Kositany vence a Maratona de Belfast

Imagine-se correndo uma maratona, de olho no relógio e calculando quanto falta para acabar. Já se passaram 42.195 metros, mas a linha de chegada ainda não apareceu.

Pois foi isso que aconteceu, no domingo (5), na principal maratona da Irlanda do Norte, a Maratona de Belfast, na capital do país, que reuniu 19 mil atletas. Só quando os primeiros corredores completaram a prova, todos eles africanos, é que os organizadores perceberam que, na verdade, o percurso tinha cerca de 42.650 metros, 460 a mais do que deveria.

Lá se vão 2.468 anos desde que (diz a lenda) um soldado correu da cidade costeira grega de Maratona até Atenas para contar que o exército da Grécia havia vencido a guerra contra os Persas. Desde então a mais tradicional prova do atletismo tem a distância entre as duas cidades, cerca de 40 quilômetros. Em 1908, na Olimpíada de Londres, a prova teve 42.195 metros. Desde então, essa é a medida oficial.

É obrigação para um organizador de uma maratona saber disso, seja no Brasil, seja na Irlanda do Norte. O que nem todo mundo sabe é qual será o trajeto da prova. E aí que veio o que os organizadores da Maratona de Belfast chamaram de um "erro humano".

O carro especial que mediu o percurso até calculou certinho os 42.195 metros. Mas ele percorreu um percurso diferente daquele previsto para ser da maratona. Em dois trechos, passou por ruas pelas quais os corredores não passariam.

Em um comunicado, o presidente da Maratona de Belfast, David Seaton, disse que os procedimentos da corrida estão sendo analisados e que "protocolos serão implementados para garantir que isso nunca aconteça novamente".

Naturalmente, todos os resultados foram anulados para fins estatísticos, inclusive o novo recorde da prova feminina, estabelecido pela queniana Caroline Jepchirchir. Nesta segunda (6), os organizadores anunciaram novos tempos para os vencedores, levando em consideração o tempo que eles tinham no quilômetro 42,195.

De acordo com corredores ouvidos pela imprensa local, eles perceberam que havia alguma coisa errada, porque as marcas que indicavam a milhagem (1 milha, 5 milhas, etc) estavam sempre em locais diferentes do que indicavam o relógio.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.