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Olhar Olímpico

Governo recompõe Bolsa Atleta e vai beneficiar cortados por Temer

Demétrio Vecchioli

09/04/2019 22h11

O governo federal vai cumprir a única das metas para os 100 dias de governo Jair Bolsonaro (PSL) relacionada ao esporte. Nesta quarta-feira (10), o ministro da Cidadania, Osmar Terra (MDB-RS), vai anunciar a adição de R$ 70 milhões ao orçamento do programa para 2019. Com isso, a pasta poderá dobrar o número de atletas apoiados atualmente.

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No fim do ano passado, no apagar de sua gestão, Michel Temer (MDB) anunciou a lista de contemplados no programa em 2018 (pelos resultados esportivos de 2017) com apenas 3.058 nomes. Com o cobertor curtíssimo, Temer cortou pelo cerca de 3 mil atletas que teriam o direito ao benefício, mas que não foram abrangidos porque não havia orçamento para isso.

Desde o início do ano, a Secretaria Especial de Esporte vem afirmando que a recomposição do orçamento do Bolsa Atleta era prioridade. "É nossa prioridade garantir a preparação para os Jogos de Tóquio 2020, sem descuidar das categorias de base. Nessas faixas estão o futuro do esporte", destaca o ministro Osmar Terra, em material de divulgação obtido pelo blog.

Com cerca de R$ 120 milhões, o programa volta a um patamar de orçamento próximo ao que tinha no seu auge, antes da Rio-2016. Já na quinta-feira (11), o Diário Oficial deve trazer uma lista de 3.150 atletas contemplados com bolsas nas categorias Nacional, Estudantil e de Base, num investimento de aproximadamente R$ 31 milhões. Também ficou definido que, ainda este ano, o governo vai lançar um edital para modalidades que não fazem parte do programa dos Jogos Olímpicos ou dos Jogos Paraolímpicos, algo que há dois anos não acontece.

A secretaria de Esporte também vai enviar um projeto de lei ao Congresso Nacional para propor reajustes nos valores pagos, na Bolsa Atleta, que não são corrigidos desde 2011. Para a categoria nacional, o valor seria de R$ 1.020, antes os R$ 925 atuais. Haverá perda para quem recebe a bolsa "nacional", mas por vencer competições de categorias de base. Esses passarão a se encaixar na "categoria atleta de base/estudantil", agora unificada, que vai pagar entre R$ 410 e R$ 700. O valor atual é R$ 370.

No topo da pirâmide, os atletas de alto-rendimento podem ganhar mais do que atualmente, ou menos. Os critérios ainda não são desconhecidos. A bolsa internacional, hoje em R$ 1.850, vai para um mínimo de R$ 1.020 e um máximo de R$ 2.500. A Olímpica/Paraolímpica, hoje em R$ 3,1 mil, passa para entre R$ 2,5 mil e R$ 3,5 mil.

Na elite, haverá perdas. O Bolsa Pódio, criado para pagar bolsas maiores (de R$ 5 mil a R$ 15 mil) aos atletas que são top 20 do mundo, vai mudar os critérios. Pelo projeto de lei, só beneficiará os top 10. Atualmente estão contemplados na categoria Pódio, 273 atletas, sendo 127 de modalidades olímpicas e 147 de modalidades paralímpicas. O investimento anual destinado aos esportistas soma R$ 35,6 milhões. O novo edital da categoria deve ser lançado ainda neste semestre. No último edital, no fim do ano passado, o governo Temer já deixou de dar bolsa a quem não era top 10, por falta de dinheiro.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.