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Olhar Olímpico

Ex-técnico da seleção de polo é investigado por assediar jogadora

Demétrio Vecchioli

07/04/2019 21h10

André Avallone (Satiro Sodré/SSPress)

O agora ex-técnico da seleção brasileira masculina de polo aquático André Avallone, de 37 anos, foi formalmente acusado de assédio por uma atleta da seleção feminina, Melani Dias, de 27 anos. O episódio ocorreu durante a Copa Uana, campeonato pan-americano da modalidade, realizado em São Paulo na semana do dia 25 de janeiro, quando os dois representavam o país. O caso vem sendo tratado pelos comitês de ética do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).

O Olhar Olímpico ligou para Avallone em seu telefone celular na noite deste domingo (7), mas ele desligou assim que o repórter se apresentou. O caso foi revelado mais cedo pela coluna do jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo.

Avallone é o treinador responsável pelo maior e mais importante programa de polo aquático do país, do Sesi de São Paulo, e assumiu a seleção brasileira no fim do ano passado. Em janeiro, levou o Brasil a uma conquista de peso, a Copa Uana, deixando para trás Canadá e Estados Unidos. O torneio foi um teste para o Pan de Lima, que vale vaga ao campeão na Olimpíada de Tóquio.

Conforme publicou O Globo – e a reportagem do Olhar Olímpico confirmou – Melani diz que Avallone a chamou para ir a seu quarto no hotel onde estavam hospedadas as seleções brasileiras, em São Paulo, e teria dito que gostaria de ter relações sexuais com ela.

Na semana passada, o blog conversou com Ricardo Azevedo, o Rochinha, contratado no ano passado para ser coordenador de polo aquático da CBDA e que esta semana assume como treinador da seleção. Na ocasião, Rochinha, um dos treinadores mais experientes e vitoriosos do mundo, disse que a saída de Avallone havia sido por "questões pessoais".

De fato, foi o treinador, denunciado, quem solicitou seu desligamento da seleção. Mas ele continua empregado pelo Sesi, clube que informou, em nota, que "aguarda o esclarecimento, por parte dos órgãos competentes, para avaliar a necessidade de adoção de eventuais medidas". Advogado que trabalha para o Sesi, Heraldo Panhoca é quem faz a defesa de Avallone. Ele não retornou os contatos na noite deste domingo.

Em nota, a CBDA informou que o Comitê de Integridade da entidade "já investiga" a denúncia de assédio Avallone. Responsável pelo caso, o advogado Caio Medauar foi recentemente nomeado membro dessa comissão (ele seria o substituto de Joanna Maranhão, que pediu para sair) e só no início da semana recebeu parte dos documentos do processo.

"Devo ouvir primeiro os dois envolvidos, mas ainda não sei dizer qual vai ser o rito. Se eu vou ouvir primeiro ela, testemunha e o cara por último, ou se vou ouvir primeiro os dois e depois ver o que faço", explicou ao blog. Medauar foi o auditor do tribunal pleno no julgamento do técnico Fernando de Carvalho Lopes no STJD da ginástica, domingo passado. 

 

 

 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.