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Olhar Olímpico

Por Olimpíada, Brasil vai sediar Grand Slam de Judô após 7 anos

Demétrio Vecchioli

02/04/2019 04h00

(AFP PHOTO / YASUYOSHI CHIBA)

No auge do investimento tanto público quanto privado no judô, o Brasil recebeu o Campeonato Mundial de 2013, no Maracanãzinho. Desde então, porém, nunca mais uma competição internacional da modalidade foi realizada no país. Esse hiato vai acabar em outubro, quando Brasília vai sediar um Grand Slam, evento que mais distribui pontos no ranking mundial.

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A realização do evento vinha sendo discutida desde o ano passado, quando o então ministro do Esporte, Leandro Cruz (MDB), foi até Baku, no Azerbaijão, durante a realização do Campeonato Mundial, para negociar com a Federação Internacional de Judô (IJF, na sigla em inglês). A Confederação Brasileira de Judô (CBJ) chegou a apresentar um projeto ao ministério, mas o pouco dinheiro disponível para financiar eventos esportivos no país acabou direcionado para um campeonato de futebol de areia – uma versão alternativa do beach soccer.

Agora secretário de Esporte do Distrito Federal, Cruz manteve o compromisso e garantiu o apoio do governo distrital ao evento, marcado para acontecer entre os dias 6 e 8 de outubro, provavelmente em um centro de exposições – por via das dúvidas, o ginásio Nilson Nelson também está reservado. A data já consta no calendário da IJF.

Realizar um Grand Slam no Brasil faz parte da CBJ para ajudar a classificar judocas para todas as 14 categorias dos Jogos Olímpicos de Tóquio e com o melhor ranking possível. Por ser dono da casa, o país pode inscrever até quatro atletas por subdivisão de peso, aumentando consideravelmente a chance de obter pontos no ranking olímpico.

Pelos critérios internacionais, a corrida olímpica tem 24 meses. Nos primeiros 12 meses, os pontos têm peso menor, de 50%. Nos 12 últimos, a pontuação é completa. Para cada atleta são computados os cinco melhores resultados de cada um desses períodos, mais uma bonificação, que pode ser o Masters ou o campeonato continental (no caso do Brasil, o Pan-Americano).

O Grand Slam de Brasília vai ser já nessa segunda fase, somando-se a outro seis eventos de nível Grand Slam que já estavam programado: Paris (França, em fevereiro), Dusseldorf (Alemanha, em fevereiro), Ecaterimburgo (Rússia, em março), Baku (Azerbaijão, em maio), Abu Dabi (Emirados Árabes Unidos, em outubro) e Osaka (Japão, em novembro).

O Brasil realizou etapas de Grand Slam entre 2009 e 2012, sempre no Rio de Janeiro. No ano seguinte, a cidade fluminense recebeu o Mundial pela terceira vez (antes havia recebido em 1965 e 2007). Depois disso, o governo federal passou a considerar que a prioridade de investimentos deveria ser na preparação das equipes para a Olimpíada do Rio, não a organização de eventos, o que retirou o Brasil do calendário internacional de diversas modalidades, incluindo o judô.

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.