Doria diz que quer privatizar ginásio do Ibirapuera para atrair congressos
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) anunciou nesta sexta-feira (29), em entrevista coletiva, a sua intenção de privatizar o Complexo Esportivo do Ibirapuera, que ele ressaltou que passará a ser um "complexo multiuso". Ao defender a concessão à iniciativa privada, ele citou que a cidade não tem conseguido atrair congressos como do Rotary Internacional, mas não soube citar nenhum evento esportivo que São Paulo possa receber com a nova arena.
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"São Paulo está bem servido para áreas de exposição, com os complexos já existentes, mas na área de congressos e convenções não. Com esse novo empreendimento atenderá a grandes congressos. O último grande congresso do Rotary teve que ser feito no pavilhão de exposições do Anhembi: exatamente 20 mil congressistas do Rotary do mundo todo. Nem São Paulo nem o Brasil têm um espaço para 20 mil congressistas. Esse espaço vai preencher essa necessidade de eventos desse porte", justificou.
O interesse de utilizar o Ibirapuera como um polo de atração de congressos é novo. No projeto de lei 91/2019, que Doria enviou à Assembleia Legislativa (Alesp) no último dia 19 – na semana passada, portanto -, ele justificou a necessidade de concessão alegando que São Paulo vinha perdendo eventos esportivos e musicais para o Rio de Janeiro e para Belo Horizonte. Em nenhum momento, aos deputados, ele informou que o grande foco da privatização é atrair congressos.
Na entrevista coletiva, ele citou as empresas Natura, Avon e Santander como três que realizam congressos para "13 mil, 15 mil, 17 mil pessoas" e não têm onde realizá-los em São Paulo, precisando adaptar pavilhões de exposições.
O Olhar Olímpico perguntou a Doria quais eventos esportivos ele pretendia atrair a São Paulo com a nova arena, que seria construída pela iniciativa privada, em um investimento de pelo menos R$ 220 milhões. Em troca, o estado vai ceder uma área de mais de 100 mil metros quadrados, central, onde hoje existem dois ginásios, um estádio de atletismo/futebol, quadras de tênis, um parque aquático e um galpão de treinos de judô.
Doria não soube citar nenhum. "Eu não sou especialista em esporte", disse, antes de repassar a pergunta ao secretário de Turismo, Vinicius Lummertz, que também não citou nenhum evento esportivo, dizendo que é o "mercado" quem vai decidir que tipo de evento virá para o Ibirapuera.
"O complexo será implementado para o que não temos. A função do gestor é olhar o que não temos. O complexo vai permitir diferentes matizes de ocupação. Existem três super arenas em Las Vegas, mas São Paulo não tem onde receber eventos para até 20 mil pessoas. O Ibirapuera não será mais um complexo apenas esportivo, será um complexo multiuso. Essa é a forma moderna. Nosso exemplo é o Madison Square Garden, de Nova York", citou o governador.
Doria deu detalhes do projeto, como a exigência para que 3.500 vagas subterrâneas sejam construídas, mas ressaltou que o modelo de concessão ainda será definido. Em 2017, sob o governo de Geraldo Alckmin (PSDB), o estado cumpriu a primeira etapa de um processo de privatização assim, colhendo propostas de modelos. Sete empresas apresentaram projeto. A partir desses estudos e de audiências públicas serão definidas as exigências do edital.
Pela primeira vez, também, Doria citou que o complexo vai receber uma "área de compras". "Teremos uma área de varejo, para que todos os dias possa haver visitação e para que o concessionário possa ter sua modelagem de pé, para que ele viabilize o investimento", afirmou.
A comunidade esportiva de São Paulo, especialmente aquela ligada ao atletismo, dá como certa a demolição do Parque Aquático, que hoje abre apenas para moradores do entorno, e do Estádio Ícaro de Castro Mello, maior e mais importante palco do atletismo nacional. De acordo com o governo, porém, isso ainda não é certo, ainda que a maioria dos estudos apresentados proponham a demolição.
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