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Olhar Olímpico

Caixa paga dívidas no limite do prazo e evita calote no esporte

Demétrio Vecchioli

01/03/2019 15h00

Presidente de clubes e de diversas outras organizações esportivas passaram o último dia do mês de fevereiro e as primeiras horas de março atualizando a página do extrato bancário. Queriam saber se a Caixa Econômica Federal quitaria as dívidas referentes aos contratos de patrocínio de 2018, pendentes desde janeiro. Diversos deles tinham a informação – não confirmada pelo banco – de que 28 de fevereiro era o último dia possível para que isso ocorresse.

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O Olhar Olímpico acompanhou a tensão conversando durante toda a quinta-feira (28) com dirigentes de clubes, de entidades de administração do desporto e entidades que organizaram eventos patrocinados pela Caixa. Todos haviam recebido a promessa de pagamento, mas não tinham certeza se de fato isso ocorreria. Até o meio-dia desta sexta-feira (1), todos de fato receberam – ao menos os que conversaram com o blog.

A pendência vinha desde janeiro, como revelou o Olhar Olímpico no começo de fevereiro. Os contratos de patrocínio a mais de 20 clubes de futebol se encerrou em dezembro e o governo Jair Bolsonaro (PSL) anunciou que não os renovaria. Mas faltava pagar a última parcela desses contratos, o que deveria ocorrer depois que os clubes apresentassem os relatórios de contrapartida.

Os clubes o fizeram, mas a Caixa passou a questionar os mínimos detalhes. Para muitos dirigentes ouvidos pelo blog, a ideia era postergar ao máximo os pagamentos, não apenas aos clubes de futebol, mas também a entidades que têm contrato vigente até 2020 (são os casos das ligas de basquete, do Comitê Paraolímpico e das confederações de atletismo e ginástica) e a organizadores de eventos, principalmente de corridas de rua.

Duas espécies de auditorias foram montadas na Caixa. Uma, para avaliar os contratos vigentes. Outra, para avaliar as prestações de contas de todos os contratos, inclusive os já encerrados. Foi daí que partiu uma determinação para multar em 25%, como preveem os contratos, os clubes que não cresceram 10% em seguidores nas redes sociais.

De acordo com quatro credores da Caixa, o banco só poderia pagar essa dívida, referente a 2018, até 28 de fevereiro, por questões fiscais. Por isso, na quarta (27), houve uma reunião interna na qual teria sido batido o martelo para que as dívidas fossem pagas.

Durante a quinta-feira, dirigentes reclamavam da falta de informações que, quando vinham, eram desencontradas. Por volta das 17h, o primeiro presidente de clube informou ao blog: o dinheiro estava na conta. Algumas horas depois, um dirigente de uma entidade ainda patrocinada pelo banco confirmou que o pagamento de janeiro – referente a dezembro – também havia caído.

Nesta sexta-feira, dirigentes que foram dormir sem saber se teriam que buscar a Justiça para receber acordaram com a informação de que a Caixa havia honrado a dívida. Nem que de forma parcial, porque pelo menos um clube de fato teve um desconto de 25%, com o qual não concorda.

Procurada no início da tarde de quinta-feira, a Caixa não retornou os contatos nem respondeu às perguntas enviadas pela reportagem.

 

 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.