Burnquist defende uso medicinal da maconha e se prepara: 'Quer bater? Bate'
"Pode falar o que quiser. Estou do lado certo da história. Tenho nome, tenho uma missão. Quer bater? Bate. Não dói."
Bob Burnquist está pronto para todas as críticas que surgirão quando ele anunciar, oficialmente, a criação do Instituto Bob Burnquist. Se outros ex-atletas de renome usaram a fama para criar instituições voltadas à educação ou à prática esportiva, o eterno skatista tem um objetivo muito claro: estudar o uso de plantas medicinais no tratamento da dor. Entre essas plantas, a cannabis. A famosa maconha.
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Presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSk), Bob Burnquist deixa claro que seu empenho é como indivíduo, não como representante da entidade à qual dirige. "Como presidente, tenho uma responsabilidade. Como pessoa física, tenho outra. Desmistificar é mais importante", diz o arrojado dirigente de 42 anos, considerado um dos maiores nomes do skate em todos os tempos.
Cada vez mais presente no dia-a-dia do esporte brasileiro, algo incomum no auge da carreira vivida, principalmente, nos Estados Unidos, Bob está disposto a dar a cara a tapa pela bandeira. No espectro oposto está, por exemplo, o ministro da Cidadania, Osmar Terra (MDB), responsável pelo Esporte no governo federal, que de forma recorrente utiliza suas redes sociais para apontar os malefícios da maconha e criticar qualquer iniciativa a favor do seu uso.
"Ele está errado. Não quero saber se é presidente, ministro. Ele está errado. Ele pode falar o que quiser, eu também. Somos os dois adultos. A gente está quebrando um tabu psicológico de sociedade. Eu não tenho problema nenhum com isso, estou fazendo a minha parte. Eu, como presidente da Confederação, não estou incentivando quem está no meio olímpico a usar. Pelo contrário. Digo: 'Não fuma, não usa THC enquanto estiver competindo"'.
THC, o tetra-hidrocanabinol, é a principal substância psicoactiva da cannabis. Diferente do canabidiol (CBD), outra substância presente na maconha, o THC é proibido pelo Código Mundial Antidoping, mas apenas em competição. Isso significa que se um atleta testar positivo para o THC durante um exame surpresa, não há problema. Mas ele não pode competir com THC no corpo.
Bob Burnquist, porém, defende que essa proibição também caia. "Todo ano entra substância (na lista de proibidas), sai substância. Tem que fazer um estudo sério para que ele saia. Já existe uma movimentação nesse lado de pesquisa e quero incentivar cada vez mais. Eu estou para montar um instituto e vai ser na linha da neurociência, com a cannabis sendo estudada, mas estudando, também, várias plantas medicinais. Meu instituto não vai criar mais pistas ou para educação, como tem o Instituto Ayrton Senna. O meu vai ser na neurociência", conta.
O skatista está mais do que acostumado com as críticas que surgem toda vez que se fala de cannabis medicinal. A mais comum trata os skatistas como "maconheiros" e aponta que a autorização para consumo de maconha para fins medicinais é um subterfúgio para conseguir aval para fumar um baseado.
"A galera vê a folha (de maconha) e já fala: 'maconheiro'. Só que o que eles pensam ou deixam de pensar não muda a minha posição, que é educacional. Eu só falei de medicinal, não falei de fumar baseado, apesar de acreditar que cada um faz o que quer. Cada um tem esse direito. Erroneamente, a cannabis é ilegal, mas a minha defesa não é essa. Até porque não é isso. Não é necessariamente saudável fumá-la. Só que quando você mija no copo [para fazer o exame antidoping] não interessa como você colocou: o THC está lá dentro".
Bob aponta que diversos estudos já apontam que a cannabis, em forma de óleo, creme ou cápsula, ajuda no combate às dores. E que pesquisas mais aprofundadas podem apontar com melhor exatidão para que grupos a cannabis não é benéfica. "Ela não funciona bem para dor aguda, por exemplo. Se eu tô com osso saltado para fora, não vai me ajudar muito. Mas no decorrer do tratamento de um osso quebrado, ela realmente ajuda. E ninguém sente mais dor que skatista, só a NFL, que é quem mais precisa, mas é muito conservadora".
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O skatista faz questão de ressaltar que, neste momento, sua luta é pela autorização do uso da cannabis para fins terapêuticos, não apenas no combate às dores dos atletas, mas também – e principalmente, segundo ele – no tratamento de diversas doenças, especialmente epilepsias em crianças e adolescentes que são refratárias às terapias convencionais.
"A minha luta é a cannabis. Inicialmente, onde é necessário, e muito, é no [aspecto] medicinal. Recreativo é outro momento. O recreativo não é a bandeira que eu estou levantando. Meu problema com o pé torcido é mínimo. Ela é uma luta no medicinal. Você não vai me ouvir falar que tem que fumar um baseado. Inclusive, não é o melhor método de colocar no seu corpo. Minha luta é medicinal. Pode falar o que quiser: estou do lado certo da história. Tenho nome, tenho uma missão. Quer bater? bate. Não dói."
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