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Olhar Olímpico

Querátaro de Ronaldinho agora vê o fim de carreira de Cielo. Ou não

Demétrio Vecchioli

21/02/2019 04h00

Cesar Cielo (Satiro Sodré/SSPress/CBDA)

Cesar Cielo volta às piscinas a partir desta sexta-feira para a disputa de um torneio amistoso, sem que seja possível, ainda, responder à pergunta que o torcedor fez no fim do ano passado: Cielo vai se aposentar? Evitando a imprensa brasileira, o maior nadador brasileiro de todos os tempos faz mistério não só sobre o seu futuro, mas também sobre seu presente.

O retorno às piscinas será em Querétaro, cidade que ficou famosa no Brasil por conta de Ronaldinho Gaúcho. Campeão da Libertadores com o Atlético-MG, o astro, então aos 34 anos, surpreendeu ao acertar com uma equipe pequena do México. Começava ali a sensação de que Ronaldinho se tornava um ex-jogador em atividade. Ainda fez 32 partidas pelo Querétaro, e depois mais nove pelo Fluminense, antes de se dedicar a partidas de exibição.

Talvez seja esse o momento de Cesar Cielo, cuja assessoria de imprensa não respondeu aos contatos da reportagem. O campeão olímpico se emocionou no Troféu José Finkel, em agosto, no Pinheiros, deixando claro que aquela provavelmente seria sua última competição no Brasil. "Quem viu, viu. Quem não viu, vai ter que ver pelo Youtube", disse.

Mas ele segue treinando, só não se sabe com quais objetivos.

Cielo vai nadar um torneio caça-nível no México, país sem tradição na natação, mas recusou o convite para participar da seletíssima Champions Swim Series, que a federação internacional lança este ano. São três etapas, entre abril e maio, restritas a campeões olímpicos e mundiais e recordistas mundiais. O torneio tem a premiação da história da natação, mas Cielo agradeceu o convite e disse que não quer participar. Ele que sempre se abasteceu de desafios, disse "não" a competir contra os melhores do mundo.

Pelas redes sociais, Cielo mostra, quase diariamente, seus treinos no Centro Olímpico do Ibirapuera, um complexo esportivo da prefeitura de São Paulo voltado quase que exclusivamente à formação de atletas. O campeão olímpico e ainda recordista mundial dos 50m e dos 100m livre nada em uma das maiores piscinas da cidade, mas está sempre sozinho.

Sabe-se que treinar lá é uma escolha pessoal. Depois da medalha de ouro olímpica, ainda em 2009, Cielo ganhou o título de sócio honorário do Esporte Clube Pinheiros, de São Paulo, clube com o qual teve contrato até o fim do ano passado. Como sócio, ele tem o direito de utilizar as piscinas e competir federativamente pelo Pinheiros.

Ao que tudo indica, não há interesses das partes. Já em meados do ano passado Cielo deixou de treinar com a equipe principal do Pinheiros, comandada pelo técnico Alberto Silva, o Albertinho. Passou a trabalhar em horário separado com o técnico Regis Mencia, das categorias de base. Regis foi desligado do clube no final do ano e é quem monta os treinamentos de Cielo no Centro Olímpico.

Sócio de uma empresa de materiais esportivos de natação, Cielo já vinha diminuído a carga de treinamentos, para se dedicar à vida de empresário. Mesmo assim venceu o Finkel, em piscina curta, tanto nos 50m quanto nos 100m livre, classificando-se para o Mundial de Piscina Curta, onde não brilhou. Saiu de lá, em dezembro, sem dizer se parava ou continuava.

Nesta sexta-feira, a 2ª Copa Internacional Heller marca o retorno de Cielo às piscinas após quase dois meses. A competição, dizem os organizadores, tem caráter oficial, com marcas obtidas ali valendo para aferição de recordes. Mas ela não consta no calendário da Federação Mexicana.

O evento tem toda a pinta de exibição. Além dos mexicanos, competirão também outros 11 convidados internacionais, escolhidos à dedo. Cielo levou com ele outros brasileiros, como Nicholas Santos, João Gomes e Léo de Deus.

Desde o fim do ano passado, Cielo não tem mais assessoria de imprensa, serviço agora prestado pela irmã Fernanda. Ela não retornou os contatos da reportagem. Também o Pinheiros, contactado diversas vezes, não respondeu as perguntas feitas pelo blog.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.